Desta vez não é a fina silhueta de Victoria Beckham que está a ser alvo de críticas, mas sim o facto de a ex-cantora ter optado por usar modelos extremamente magras no seu desfile. Tudo aconteceu no último domingo, durante a Semana da Moda de Nova Iorque (que arrancou a 10 de setembro e termina no próximo dia 20). O foco de atenção passou, então, das roupas que Beckham desenhou para os corpos aparentemente frágeis das suas modelos. Resultado? O Instagram da ex-artista transformou-se num campo de batalha, onde o assunto em discussão é a imagem corporal.

https://instagram.com/p/7nUWuyliF-/?taken-by=victoriabeckham

Como se isso não bastasse, a agora estilista de sucesso — em 2014 foi considerada a empresária mais bem-sucedida do Reino Unido –, escolheu Peyton Knight para desfilar em último lugar. Knight, que também participou no desfile de Alexander Wang, tem apenas 17 anos e, como se pode ver pelas imagens, é bastante magra.

Victoria, que criou uma marca homónima em 2008, estava a apresentar a sua coleção privamera/verão 2016, uma linha que mistura tonalidades e padrões ousados presentes nos vestidos e saias que compõem a linha. Mas se as modelos estão a ser consideradas muito magras, o que dizer das roupas que se ajustam aos seus corpos?

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https://instagram.com/p/7lug4PFiHW/

O tema tem dado que falar e dificilmente vai sair das bocas do mundo, não fosse a ex-Spice ter dito, em 2010, que queria banir modelos size zero (o equivalente, em Portugal, ao tamanho XXS) das passarelas. É o El país que traz à tona a polémica declaração: “Levo o meu trabalho muito a sério e nunca usaria modelos demasiado magras.” Cinco anos depois, a mira das críticas parece estar voltada na direção da estilista.

https://instagram.com/p/7lAFfHliLw/

Como seria de esperar, os meios britânicos aproveitaram a ocasião para aprofundar o tópico. O Guardian, por exemplo, contactou Lorna Garner, diretora de operações de uma instituição de caridade voltada para o transtorno alimentar, que fez o seguinte comentário: “Este tipo de imagens não causam transtorno alimentar, mas podem escalar e agravar condições que já existem. Há provas esmagadoras que apontam para o facto de estas imagens terem um impacto muito negativo e prejudicial.”

https://instagram.com/p/7lBeksliPJ/

Já o Daily Mail tem um texto com uma mensagem muito clara. Assinado pelo jornalista e estrela de televisão Piers Morgan, o artigo tem como título: “Pára com as modelos miseravelmente magras, Victoria”. Nele, Piers recorda uma conversa que teve com a celebridade há 15 anos, quando uma imagem distorcida da ex-cantora chegou aos jornais com a legenda “spice esquelética”. À data, a mulher que leva o apelido Beckham desde que se casou com um dos jogadores de futebol mais conhecidos no mundo disse sentir-se triste com a ideia de que a fotografia poderia passar: “O que me chateia é que todas as jovens vão ver isto e pensar que é assim que querem [devem] ser. Senti-me tão zangada. Aquilo reduziu-me, e à minha mãe, a lágrimas.” Point taken, a ironia é clara.

https://instagram.com/p/4wIueLFiH7/?taken-by=victoriabeckham

O Telegraph também pega no assunto e lembra que, esta semana, a capital inglesa recebe aquela que é a semana da moda para mulheres de tamanho XXL — Plus-Size Fashion Week UK (PSFWUK). Posto isto, a jornalista britânica Radhika Sanghani cita Sarah Pedersen, professora de comunicação na Universidade Robert Gordon, que chama a atenção para o facto de estas modelos não estarem inseridas nos circuitos habituais da moda, isto é, lado a lado com as modelos consideradas muito magras: “É positivo termos modelos XXL. (…) Seria melhor termos modelos XXL na generalidade da indústria da moda em vez de numa ‘área especial’.” 

As reações também chegaram ao Twitter, como se pode ver por esta seleção de tweets:

https://twitter.com/Molly_Dae/status/644103735849828352