É já o atentado mais mortífero da história moderna da Turquia. O duplo atentado suicida que se registou neste sábado em Ancara provocou pelo menos 97 mortos, de acordo com um balanço divulgado ao início da noite pelo gabinete do primeiro-ministro Ahmet Davutoglu.

Também o número de feridos aumentou desde o balanço anterior, feito à tarde, passando de 186 para 246, dos quais mais de 40 estão nos cuidados intensivos do hospital de Ancara, adiantou o Governo turco, acrescentando que este foi o atentado mais mortífero jamais registado em solo turco.

O Governo da Turquia disse logo pela manhã que se tratou de um atentado terrorista e já da parte da tarde o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu disse que há evidência que dois bombistas suicidas levaram a cabo o ataque.

O duplo atentado aconteceu cerca de três semanas antes das eleições legislativas antecipadas turcas (agendadas para 01 de novembro), tendo o Governo decidido decretar três dias de luto nacional.

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O alvo deste atentado terá sido a marcha a favor da paz cujo início estava previsto para as 12h00 locais (10h00 em Portugal Continental) na cidade turca. Eram esperadas milhares de pessoas nessa caminhada. A manifestação foi convocada por vários sindicatos e ONG, depois de o exército turco e os rebeldes curdos do PKK terem interrompido uma trégua de três anos e terem retomado os combate em julho.

Esta dupla explosão acontece três meses depois de um atentado suicida, atribuído ao grupo jihadista do Estado Islâmico, que fez 32 mortos entre os militantes da causa pró-curda. E as vítimas eram sobretudo ativistas que se iriam juntar à marcha a favor da paz.

Nas redes sociais circulam fotografias que mostram vários corpos no local. E há também vídeos que mostram o momento da explosão.

O Comissário Europeu Dimitris Avramopoulos, responsável pela Migração, Assuntos Internos e Cidadania, manifestou a sua compaixão e solidariedade para com os turcos e anunciou uma viagem à Turquia na próxima semana.

https://twitter.com/RuwaydaMustafah/status/652773828653916160

O acontecimento está a provocar vários movimentos de protesto quer na Turquia quer em países europeus.

Em Istambul, pelo menos 10 mil pessoas foram para as ruas para contestar e atribuir responsabilidades pelo atentado ao Governo turco, exibindo uma grande faixa com a frase “Conhecemos os assassinos” e apupando o Presidente islâmico-conservador turco, Recep Tayyip Erdogan, e o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002, segundo o testemunho de um repórter fotográfico da agência noticiosa francesa AFP.

Em Paris, e também de acordo com a AFP, a polícia estima que estejam nas ruas, perto da Praça da República, cerca de um milhar de pessoas, a maioria das quais curdas, manifestação que foi convocada pelo Conselho Democrático Curdo em França.

Também em Estrasburgo, no nordeste de França, estão mais de 400 pessoas a manifestarem-se na rua, segundo a polícia local, e várias centenas estão a juntar-se em Marselha, com cartazes onde se lê “Erdogan Assassino”.

Os organizadores destas demonstrações já convocaram mais protestos para domingo à tarde em Paris, para pedir “o fim da guerra suja e do estado de terror na Turquia e No Curdistão”.

Também em Zurique, cerca de mil pessoas juntaram-se no centro da maior cidade da Suíça, naquilo que a polícia classificou como uma manifestação pacífica.