O comissário europeu para a economia digital, Günther Oettinger, marcou o início do ICT 2015 – o maior evento e tecnologias de informação e comunicação (TIC) da Europa, para lembrar que é preciso criar uma estratégia digital única para que a Europa se mantenha competitiva e que Portugal, “apesar de estar na periferia da Europa, está no centro da tecnologia digital” europeia.

O facto de a comissão Europeia ter organizado a conferência aqui não é um mero acaso. Nos últimos anos, apesar da necessidade de combater a crise, Portugal tornou-se num exemplo da transformação digital. (…) Portugal está na vanguarda da tecnologia digital europeia”, afirmou Oettinger.

Lembrando que o setor das TIC tem uma relação direta com a economia real, a indústria, a produção ou o comércio, o comissário europeu afirmou que é preciso que “a revolução digital” integre todos os Estados-membros, para que se torne “mais forte” e consiga competir com os EUA (“que tem uma vantagem digital”) ou com países como a China, Coreia do Sul ou Japão. 

“Se queremos que a Europa mantenha os seus postos de trabalho, o estado social e que mantenha o seu nível de vida, é preciso mantermo-nos competitivos onde já somos e reforçar onde não somos. E tudo isto através de um mercado digital interno europeu. É preciso aproveitar os nossos cérebros e integrar os mais velhos como eu”, afirmou.

Defendendo que a revolução digital deve passar pelos vários setores da economia, Oettinger afirma que é preciso eliminar barreiras entre os Estados-membros. “Temos 28 Estados-membros fragmentados, onde há regras diferentes, estratégias de segurança diferentes, técnicas diferentes, 28 mercados de investigação diferentes. Se pudéssemos transformar isto num mercado único seríamos mais fortes. O mercado digital não tem fronteiras”, afirmou.

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Europa precisa de 160 mil especialistas em TIC por ano

Sobre a suspensão do acordo de partilha de dados informáticos de cidadãos europeus para os Estados Unidos decretada pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, o comissário europeu afirmou aos jornalistas que a Europa e os EUA vão continuar a legislar para chegar a um acordo que regule a proteção de dados e que estima que este seja alcançado até ao final do ano.

Questionado sobre as mais de 900 mil vagas de emprego em TIC que a Comissão Europeia estima que fiquem por preencher até 2020 na União Europeia, Oettinger explicou que tem feito contactos com vários ministérios da ciência e ensino superior dos vários Estados-Membros, para que cheguem a acordo sobre como aumentar o número de estudantes e ofertas nestas áreas.

“Precisamos de 160 mil especialistas em TIC por ano”, disse o comissário europeu, explicando que as universidades devem aumentar as suas ofertas de formação. E que se isto não for suficiente será preciso contratar “mais pessoas da Índia e de outros países fora da Europa”, criando uns “cartões verdes” para integrar estes profissionais nas empresas europeias.

O ICT 2015 é organizado pela Comissão Europeia em parceria com a Fundação para a Ciência e Tecnologia. A edição deste ano decorre entre 20 e 22 de outubro, no Centro de Congressos em Lisboa, e é a primeira vez que o evento sai da casa-mãe – o país que detém a presidência do Conselho Europeu nesse semestre. 

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