O líder da Convergência Democrática da Catalunha (CDC) e presidente em funções, Artur Mas, já veio criticar a atuação das autoridades espanholas que detiveram, esta quarta-feira, o tesoureiro do partido, no âmbito da terceira fase da “Operação 3%”.

“A Convergência e eu somos peças do mesmo puzzle”, afirmou Mas. “Tenho plena confiança nas pessoas responsáveis pelas finanças do partido”, acrescentou o presidente do governo regional da Catalunha, que saiu em defesa do tesoureiro do partido, Andreu Viloca, acusado de mediar a cobrança de comissões irregulares de 3% para o partido em troca de adjudicações para obras públicas.

“Continuo dizendo que em todas as atuações [da Guardia Civil e da Fiscalía] há uma sobre-atuação que não é alheia ao momento político”, criticou Mas, aludindo assim às críticas de anti-independentistas à sua gestão e aos resultados das últimas eleições.

Artur Mas reservou ainda uma palavra para os contratos efetuados pela empresa pública responsável por lançar os concursos públicos do Governo regional catalão – a Infraestructures.cat. “Os contratos são absolutamente impecáveis”, garantiu, disponibilizando-se a comparecer ainda esta semana no Parlamento.

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Andreu Viloca está indiciado de um total de seis delitos relacionados com corrupção: suborno, prevaricação, financiamento ilegal dos partidos políticos, tráfico de influências, alteração de preços em concursos e branqueamento de capitais, de acordo com a Europa Press, citada pelo El Mundo.

Além de Viloca foram ainda detidos Josep Antoni Rosell, diretor do ‘infraestructures.cat’, um dos dirigentes da fundação ‘Catdem’ (Catalunya Democràtica), Carles del Pozo, e uma das administrativas da CDC. Os restantes sete detidos são empresários investigados por, alegadamente, pagarem comissões ilegais ao partido de Mas.

Várias empresas do setor da construção, como a Copisa, Urbaser, Rogasa, Grupo Soler, Oproler e Tec Cuatro, foram também revistadas esta quarta-feira. Estas empresas transferiram avultadas somas de dinheiro, sob a forma de doações, às duas fundações da CDC, a Catdem e a Barcelona Fòrum.

Esta investigação policial visa descobrir se a fundação CatDem e a própria CDC receberam comissões ilegais de 3% – alegadamente cobrados por vários municípios geridos por elementos ligados ao partido – em troca de adjudicações a construtoras ligadas ao partido.

A operação desta quarta-feira – já classificada por Artur Mas como mais um ataque pessoal contra si e o seu partido – é o seguimento de operações semelhantes em agosto. Esta ação policial surge num momento em que Artur Mas enfrenta dificuldades para ser reeleito presidente do governo da Catalunha, na sequência das eleições regionais de 27 de setembro, nas quais a sua lista ganhou, mas sem maioria absoluta.