O músico José Cid apresenta o seu mais recente álbum, “Menino prodígio”, que passa em revista os êxitos de uma carreira de 50 anos, e antecipa temas do próximo CD, nos concertos no Porto, este mês, e em Lisboa, em dezembro.

“Ao vivo melhoro nitidamente aquilo que faço em estúdio, e o grande público já se apercebeu de que o ‘José Cid ao vivo com a banda’ é mais que um grande concerto, é uma festa”, disse o músico à Lusa.

José Cid sobe ao palco do Coliseu do Porto no dia 31 de outubro e atua no Campo Pequeno, em Lisboa, no dia 12 de dezembro.

O músico referiu a “grande empatia” que cria com o público e que, quando canta, se entrega “como se o mundo acabasse amanhã”.

Nos dois concertos, José Cid é acompanhado pela Big Band, formada por Xico Martins, na guitarra elétrica, ToZe, Ricardo e Manuel Marques, na secção de metais, Samuel, na bateria, Pepe, na viola baixo, Amadeu Magalhães, na flauta, viola acústica e cavaquinho, João Paulo Pereira, nas teclas, e Gonçalo Tavares, no coro.

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O espetáculo no Campo Pequeno será gravado com vista à edição de um DVD do intérprete “Anita não é bonita”, entre outros êxitos.

Do alinhamento dos dois concertos “têm de fazer parte as canções mais emblemáticas, tocadas de outra forma, muitas músicas deste recente álbum ‘Menino prodígio’, que são mais roqueiras, e algumas músicas novas do próximo álbum, que sairá em 2016, e que se intitula ‘Clube dos corações solitários do capitão Cid'”.

Entre as canções “mais emblemáticas”, José Cid citou “A lenda de D. Sebastião”, “Vinte anos”, “Cai neve em Nova Iorque”, “Eu nasci para a música”, “Um grande, grande amor”, com a qual venceu o Festival RTP da Canção em 1980, “Cabana junto à praia” e “Ontem, hoje e amanhã”, com a qual venceu, em 1979, o Festival Internacional de Tóquio.

“Canto-as hoje de uma forma diferente, não as canto tão datadas como eram na época, tenho músicos mais novos, que têm outra dinâmica”, disse o músico.

Sobre o CD “Menino prodígio”, editado em abril último, o músico afirmou à Lusa que “é um álbum que entra na área da objeção de consciência, mas levada para o rock, e isso é muito o que o [Quarteto] 1111 fez [do qual foi fundador em 1967], com dezenas de canções censuradas pelo regime [de ditadura, anterior ao 25 de Abril de 1974], e uma delas é a ‘Blá!, blá!, blá!’, que agora inclui neste disco”.

O próximo álbum, do qual antecipará algumas composições, “é exclusivamente voz e piano”, e constituído apenas por composições de sua autoria. Entre elas, o músico referiu “João Gilberto e Astor Piazzolla” e “Saudades do Botequim”.

“Quanto a ‘João Gilberto e Astor Piazzolla’, imaginei os dois músicos juntos, na escola, e depois partindo cada um com a sua melodia pelo mundo; transferi para esta canção aquilo que senti, quando eu e o Tozé Brito compúnhamos juntos, e vi no João Gilberto, o meu colega, o Tozé Brito”, contou.

Quanto a “Saudades do Botequim”, é uma homenagem a um espaço notívago, propriedade da poetisa Natália Correia, “e onde se reunia a oposição”, antes da Revolução do 25 de Abril de 1974.

“Era um espaço de pessoas que se reuniam sem interesse em tirar partido de nada e apenas queriam devolver ao país o sonho que seria o 25 de Abril, e que, de uma certa ou de outra maneira, nos tem sido vantajoso, mas que não tem sido utilizado com a eficácia política que todos nós desejaríamos”, afirmou o músico de 73 anos.

“Os grandes ideais e causas não têm sido cumpridos ao longo destas quatro décadas depois do 25 de abril de 1974”, rematou o criador de “Portuguesa bonita”.

Os concertos no Porto e Lisboa são o corolário de uma digressão nacional que realizou durante este ano, e que o apresentou em 25 localidades, de Almodôvar, no Baixo Alentejo, às ilhas das Flores e Terceira, nos Açores, passando por Olhão, no Algarve, Oliveira do Hospital, na Beira Alta, e Grijó, no concelho duriense de Vila Nova de Gaia.

Referindo-se à digressão, o músico afirmou que foi “fantástico e inesquecível”, qualificando-a como “uma homenagem do público” à sua carreira.

“Em termos de público, o mínimo que tive foi entre as 5.000 e 10.000 pessoas, mas reuni 130.000, no Porto, 50.000, na Feira de S. Mateus, em Viseu, e outras tantas no concerto na Figueira da Foz”, afirmou.