1. Fica num quarto andar com vista para o Tejo
No início de 2009 a então recém-criada LX Factory viu nascer uma discoteca, de nome Lollipop, na antiga sala de convívio dos trabalhadores da fábrica. O projeto durou apenas uns meses mas ficou na memória de quem passou por lá. A razão? O espaço, uma sala industrial no quarto andar de um dos edifícios, com um terraço magnífico aberto ao Tejo. Tirando uns eventos pontuais aqui e ali esse mesmo espaço manteve-se fechado até a MainSide, detentora da LX Factory, ter decidido instalar ali o Rio Maravilha, a nova sala de convívio do complexo, em formato gastrobar. No mesmo quarto andar. Com a mesma vista. E com o mesmo elevador periclitante que tão depressa funciona sem mácula como se apresenta encerrado para em manutenção.
2. A palavra-chave não é partilha. É convívio, mesmo
Cada vez que surge um espaço cujo conceito promova o convívio, seja à mesa, à varanda ou ao terraço, é tão certinho como a hora mudar duas vezes por ano que os seus responsáveis dirão que a intenção é que se “partilhem os pratos”. Mas aqui, garante o chef Diogo Noronha, “não se vai usar palavra partilhar, só convívio”. Até porque a comida e a bebida são apenas dois elementos — muito importantes, é certo — de um espaço que tem vários elementos com esse propósito: do palco instalado na sala de entrada, onde fica a cozinha e o bar, pronto a receber concertos e outro tipo de manifestações culturais, aos antigos jogos da Majora gravados nas mesas da principal sala de refeições, regras incluídas. E não, não servem só para decorar — à chegada, os convivas (chamemos-lhes assim) recebem um dado e vários peões para que possam jogar enquanto se alimentam e hidratam convenientemente.
3. O Rio Maravilha são dois. O Tejo e o de Janeiro
Se o rio que mais salta à vista é o Tejo, visível em cada uma das janelas deste espaço, o nome homenageia também outro Rio, o de Janeiro. As referências cariocas estão, por isso, por todo o espaço — do visual tropicalista da inscrição Rio Maravilha, sobranceira ao palco, ao azul e amarelo escolhidos para pintar a cozinha e o bar ou às projeções de vídeo com imagens da chamada cidade maravilhosa por cima das duas mesas da sala principal. E isso é só a amostra. Não só nas paredes de outra das salas se lê que “O Rio é bonito pra caralho” [sic], frase atribuída ao escritor Paulo Lins (autor de Cidade de Deus) como o menu inclui ingredientes bem mais comuns do lado de lá do Atlântico, como a mandioca, a tapioca ou a fava da Amazónia (também conhecida por fava tonka). E escusa de procurar por sanduíches ou sandes no menu. Elas estão lá, sim, mas como sandubas. Valeu?
4. A comida e a bebida andam de braço dado
Outro dos traços importantes deste Rio Maravilha prende-se com a forma como o conceito gastrobar foi implementado em conjunto por Diogo Noronha e o chefe de bar Fernão Gonçalves. Para cada prato do primeiro há um cocktail do segundo. Ou vice-versa. “Todos os cocktails de autor têm uma função gastronómica, de ligar com determinado ingrediente ou estimular o palato”, assegura Fernão, que, tal como Diogo, já desempenhava a mesma função na Casa de Pasto, o outro restaurante do grupo. Assim, esta foi uma carta totalmente feita a quatro mãos, sazonal — mudará apenas duas vezes por ano –, e que tem algumas particularidades. “É uma carta corrida, sem secções, não há indicação de entradas, petiscos ou pratos principais”, explica Diogo Noronha. A função de quem recebe ganha, por isso, importância. “Cabe ao empregado tentar perceber que tipo de experiência é que o cliente procura e fazer uma sugestão com base nisso”, acrescenta o chef.
5. Almoçar? Lanchar? Petiscar? Jantar? Beber? Quem manda é o cliente
Sala de convívio que se preze não encerra para descanso a meio do dia — afinal, todas as horas são boas para conviver, não só as da refeição. O Rio Maravilha segue este (bom) princípio e funciona, por isso, em horário contínuo. Entre refeições a oferta da carta reduz-se um pouco mas continua a haver muito por onde escolher, principalmente entre os petiscos menos substanciais, como as chips de mandioca e torresmos com ketchup caseiro (5,20€), os corndogs de alheira de caça com molho de couve portuguesa (8,20€) ou as sandubas de camarão (14€), pastrami com ovo de codorniz e mostarda antiga (13,30€) ou legumes na brasa (9,80€). E também não é obrigatório fazer uma incursão pela carta de cocktails, há vinho a copo e cerveja artesanal lisboeta Dois Corvos para acompanhar a contenda.
Nome: Rio Maravilha
Morada: LX Factory, Rua Rodrigues Faria, nº 103, Entrada 3, Piso 4 (Alcântara), Lisboa
Telefone: 96 602 8229
E-mail: email@riomaravilha.pt
Site: www.riomaravilha.pt / facebook.com/riomaravilha.lxfactory
Horário: Terças das 18h às 02h. De quarta a sábado das 12h às 02h e domingo das 12h às 18h.
Preço Médio: Pode petiscar-se por menos de 10€ ou jantar por mais de 30€. Depende da vontade do freguês.
Reservas: Aceitam