Em janeiro, Mark Zuckerberg revelou ao mundo a sua resolução de Ano Novo: ler livros. Criou uma página chamada “A Year of Books” e, a cada duas semanas, o fundador do Facebook propôs-se contar que livro ia ler e os utilizadores da rede social eram convidados a participar em discussões sobre a obra. Com o fim de mais um ano a aproximar-se, passamos os olhos por alguns dos 20 livros que Mark Zuckerberg aconselhou ao mundo.

O clube do livro do senhor Facebook foi inaugurado com O Fim do Poder, de Moisés Naím, editado em Portugal pela Gradiva. De acordo com a editora, o autor “mostra como o impulso anti-establishment dos micropoderes pode derrubar tiranos, desalojar monopólios e abrir novas e extraordinárias oportunidades, mas também levar ao caos e à paralisia”. Alguns dias depois, Mark Zuckerberg promoveu uma sessão de perguntas e respostas com o autor, assim como fez com quase todos os autores seguintes. Na página de Facebook, claro.

O-FIM-DO-PODER

O segundo livro que Mark Zuckerberg disse ter lido foi The Better Angels of Our Nature, de Steven Pinker. Inspirado num discurso de Abraham Lincoln em 1861, no qual pediu aos Estados do sul dos Estados Unidos, esclavagistas, que evitassem uma guerra contra o norte abolicionista, o psicólogo mostra que a violência ao longo da história diminuiu e tenta encontrar uma resposta para esse fenómeno. Dadas as mais de 800 páginas do livro, o fundador do Facebook admitiu que iria demorar um mês a ler esta obra, que não foi editada em Portugal. Mas aproveitou para questionar o autor sobre se a Internet está a contribuir para a diminuição da violência e quis saber se quem desenvolve programas e serviços online pode fazer mais pela paz.

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A sugestão número quatro do ano foi Imunidade, livro de Eula Biss publicado em Portugal em agosto pela Elsinore. Ao longo de 216 páginas, o leitor é confrontado com a irracionalidade do medo que se colou à vacinação. Esse medo é visto à escala local e global, num esforço sistemático para o explicar e desmontar, fazendo do trabalho da professora e ensaísta Eula Biss uma análise profunda sobre os entendimentos feitos em nome do bem comum.

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A ciência parece ser um dos temas prediletos do homem que fundou o Facebook quando era estudante universitário em Harvard. A sexta recomendação foi A Estrutura das Revoluções Científicas, do filósofo e físico Thomas Kuhn, falecido em 1996. Publicado pela primeira vez em 1962, foi editado em Portugal pela Guerra & Paz e coloca em causa a assunção generalizada de que toda a mudança científica passa por um processo estritamente racional. Um clássico na história e filosofia da ciência.

a estrutura das revolucoes cientificas

Dealing With China foi o livro número oito. O autor, Henry ‘Hank’ Paulson, que não está editado em Portugal, quis mostrar o funcionamento do capitalismo na China desde os bastidores e dar dias sobre como fazer negócios no país. E sabe do que fala, já que foi CEO da Goldman Sachs e Secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

dealing with china

O décimo livro leva o leitor a pensar sobre a situação dos afro-americanos. Em The New Jim Crow, Michelle Alexander, especialista em direitos civis, centra-se na ideia de que o encarceramento em massa é o novo Jim Crow, leis de segregação do final do século XIX. Isto porque a autora defende que há racismo na forma como tem sido conduzido o combate às drogas e na forma como a justiça funciona. Ou, neste caso, não funciona, penalizando minorias e pessoas mais carenciadas. O livro não está editado em Portugal.

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Assumidamente ateu, Mark Zuckerberg escolheu para 16.º livro The Varieties of Religious Experience, do psicólogo e filósofo de Harvard William James. O fundador do Facebook escolheu-o depois de ter lido Sapiens: História Breve da Humanidade, de Yuval Harari, o 12.º livro do clube. “Achei que o capítulo sobre a evolução do papel da religião na vida humana era o mais interessante e algo que gostaria de aprofundar”, escreveu.

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Apesar de ser um dos homens mais ricos do mundo, não esquece que há quem viva com muito pouco. Para a 17.º livro, sugeriu Portfolios of the Poor: How the World’s Poor Live on $2 a day, de Daryl Collins, Jonathan Morduch, Stuart Rutherford e Orlanda Ruthven. Isso mesmo, há quem viva com menos de dois dólares por dia, cerca de 1,80 euros. O livro não foi editado em Portugal.

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O 18.º livro tem sido um sucesso que parece também ter conquistado Mark Zuckerberg. Em Porque Falham as Nações, editado em Portugal em 2013 pela Temas e Debates, os economistas Daron Aceloglu e James Robinson tentam responder à questão que o mundo – e muitos portugueses – se anda a colocar há séculos: porque são umas nações ricas e outras pobres?

Capa

A mais recente leitura aconselhada pelo fundador deste original clube do livro é The Three-Body Problem, de Liu Cixin. É o único livro de ficção entre a lista. Ainda não se sabe se o autor de 52 anos vai estar na página de Facebook a participar na sessão de perguntas e respostas com os leitores mas, quem quiser participar, deve estar atento. E com as leituras em dia.

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