Ainda não são conhecidas as causas que provocaram a queda do avião russo na península de Sinai, no Egito, no sábado – mas são cada vez mais os sinais de que não terá sido um acidente. O Telegraph adianta esta terça-feira que as gravações do cockpit sugerem que pilotos não conseguiram enviar sinal de socorro. Uma agência de notícias russa revela que a tripulação entrou em contacto com os controladores de tráfego aéreo quatro minutos antes de a aeronave desaparecer do radar e que foram registados sons “estranhos” nas gravações.
“A julgar pelo registo de gravações desenvolveu-se uma situação inesperada a bordo e por causa disso os pilotos não conseguiram enviar um sinal de socorro”, acrescentou a mesma fonte ao serviço de notícias russo.
As suspeitas de atentado estão em cima da mesa, mas não são ainda confirmadas pelas autoridades.
Os proprietários da companhia área defendem que o avião só poderá ter sido derrubado por “fatores externos” e já vieram descartar a possibilidade de falha técnica ou de erro do piloto. As suspeitas que parecem apoiar a teoria de que o Airbus foi destruído por terroristas foram, contudo, rejeitadas pelas autoridades egípcias que estão a investigar o caso, que consideram que as acusações são construídas na base da especulação – e que são defendidas depois do histórico da gestão da segurança da empresa ter sido posto em causa.
O que aconteceu ao avião ainda é um enigma. O Washington Post explica que a possibilidade de um ataque terrorista pode ser desastrosa para a indústria de viagens egípcia e que a hipótese de falha técnica ou erro humano, por sua vez, pode levantar várias questões sobre o estado da aviação nacional russa.
As autoridades abriram uma investigação à Metrojet, anunciando na segunda-feira que a companhia aérea não pagou os salários aos funcionários nos últimos dois meses. O Washington Post conta que a mulher do piloto adiantou numa entrevista que o marido já se havia queixado sobre a manutenção do avião. A família do copiloto também já veio confirmar que o último salário recebido foi o de julho, segundo o Telegraph.
Depois destas acusações a empresa veio defender-se publicamente. O vice-diretor da Metrojet, Alexander Smirnov, afirmou em conferência de imprensa, em Moscovo, que descarta qualquer tipo de avaria ou erro interno, recusando-se a discutir mais detalhes da investigação, argumentando ainda que as normas de segurança não foram afetadas pela retenção dos salários.
Embora grupos representantes do Estado Islâmico em Sinai tenham vindo reclamar a sua responsabilidade no desastre, as autoridades dos EUA vieram sublinhar que não há ainda evidências que confirmem um envolvimento terrorista. O Telegraph entrevistou viajantes regulares para aquele destino, que explicaram que seria difícil os terroristas conseguirem colocar um engenho explosivo a bordo face às medidas de segurança apertadas do aeroporto de Sharm el-Sheik.
O presidente russo Vladimir Putin já veio expressar as suas condolências às famílias das vítimas e pediu uma investigação “totalmente objetiva” para tentar descobrir o que realmente aconteceu. Segundo o Telegraph, Putin não fez referência às especulações emergentes sobre as causas do acidente. O seu porta-voz, Dmitry Peskov, veio explicar que seria “impróprio” fazer comentários sobre uma investigação que ainda está em curso e que neste momento nenhuma possibilidade pode ser excluída.