É uma das questões que se coloca depois dos atentados desta sexta-feira na capital francesa. Afinal, como é que os terroristas comunicam e as suas comunicações não são intercetadas? Durante o fim de semana, a imprensa internacional lançava uma hipótese: via PlayStation (PS4). Será isso possível?

A ideia não é totalmente descabida e parece haver provas a apontar nesse sentido. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, a polícia terá encontrado pelo menos uma consola de jogos PS4 nas buscas realizadas após o ataque, mas a informação não é confirmada oficialmente.

Dias antes, num debate em Bruxelas, Jan Jambon, ministro belga do interior, ligou o terrorismo a esta consola, deixando algumas pistas para compreender a relação que ela tem com os membros do autoproclamado Estado Islâmico: “É muito, muito difícil para os nossos serviços [de informação] — não só os belgas como os internacionais — desencriptar as comunicações feitas via PlayStation 4″. “É mesmo mais difícil de controlar do que o WhatsApp”, acrescentou.

Ou seja, existem inúmeras formas de comunicar na internet (por exemplo, através do Facebook). Mas as características da rede da PS4 fazem com que, alegadamente, seja uma das formas preferidas para os terroristas comunicarem ou planearem ataques.

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E que características são essas? Para começar — e seguindo o raciocínio feito pelo The Telegraph — as consolas PS4 são extremamente populares. Até ao momento foram vendidas mais de 25 milhões de unidades. Depois, a rede interna da PlayStation — a PlayStation Network (PSN) –, onde se insere a PS4, junta também os jogadores de consolas de modelos anteriores. Tudo somado, são mais de 65 milhões de jogadores na rede.

Segue-se o fator da complexidade. Os utilizadores conseguem comunicar diretamente através de mensagens ou chamadas de voz na PSN, mas não só: existem inúmeros jogos para esta consola que permitem comunicar em salas ou canais especiais, bem como trocar mensagens durante os jogos. Algumas são públicas — mas só em determinada partida ou jogo –, outras são apenas visíveis para um determinado jogador ou equipa. Como cada jogo tem o seu sistema de comunicação, o controlo sobre aquilo que é dito torna-se difícil, ou mesmo impossível.

Mas o The Telegraph vai ainda mais além. Especula-se que os jihadistas recorram a outras formas criativas para trocar mensagens, escapando às mensagens de texto convencionais. Por exemplo, num jogo de tiros, disparando sobre uma parede. As marcas das balas permitem desenhar padrões que, sendo efémeros, são impossíveis de monitorizar pelos serviços de informação e segurança.

A ideia pode não ser mais do que mera especulação, pelo que o jornal cita o investigador de segurança Graham Cluley para dizer que “tudo o que possibilite que duas pessoas troquem mensagens — seja pela fala, pela escrita, ou agitando bandeiras num ambiente virtual 3D — pode potencialmente ser usado por terroristas para comunicar”.

Editado por Filomena Martins.