Espaço e tempo. Um segundo que é um segundo. Um metro que é um metro, seja aqui, seja em Júpiter. A 25 de novembro de 1915 Albert Einstein apresentou, na Academia de Ciências, em Berlim, a fórmula que veio mudar isso tudo: a Teoria Geral da Relatividade, que alterou os conceitos de tempo e de espaço. A verdade é que ela não foi bem compreendida (ainda não o é), contudo, há uma pergunta que se impõe. Mas para que é que ela serve? Serve para compreender o universo, sim, mas também para chegar ao destino certo através das coordenadas de GPS, por exemplo. E muito, muito mais: coisas do dia a dia que talvez nem imagine.
¡Gracias genio! Se cumplen 100 años de la teoría de la relatividad de Einstein https://t.co/POx8DyW3Qu #Einstein100 pic.twitter.com/dOSxaY74YD
— National Geographic España (@NatGeoEsp) November 25, 2015
Einstein apresentou há 100 anos o modelo que propunha explicar o universo e todos os seus fenómenos. O físico e matemático argumentou que o tempo e espaço não eram entidades rígidas e estáticas, mas que eram entidades vivas. Definiu uma nova entidade, a curvatura espaço-tempo, que podia ser distorcida de acordo com a velocidade e a gravidade e que, quanto mais intensas fossem essas magnitudes, mais intensa poderia ser essa deformação do espaço-tempo.
Parecia, na altura, uma teoria com pouca utilidade, mas a verdade é que atualmente ela alcançou vários planos práticos, em campos muito distintos. O ABC enumerou algumas provas de que a Teoria da Relatividade tem mesmo importância no quotidiano, explicadas por um investigador do Instituto de Física Teórica do CSIC, José Luis Fernández Barbón.
O funcionamento do GPS
Atualmente qualquer smartphone tem um navegador GPS, mas é a Teoria da Relatividade que pode explicar o seu funcionamento. A localização do nosso GPS é calculada segundo o tempo de resposta entre os satélites que orbitam a terra e os nossos dispositivos. Se o GPS não tivesse em conta a relatividade do tempo, devido à velocidade dos satélites e à distância a que o campo gravitacional está da Terra, os relógios atómicos incorporados no GPS deixavam de estar calibrados, podendo acumular vários erros sem que conseguíssemos chegar ao destino certo.
As televisões velhas
As televisões mais antigas utilizavam CRTS, pequenos aceleradores de partículas que faziam com que os eletrões fossem disparados em alta velocidade, na parte de trás do monitor. Caso a Teoria da Relatividade não fosse levada em conta, os eletrões não conseguiriam projetar os píxeis nas posições corretas.
O magnetismo
O especialista explica: “Qualquer coisa que tenha a ver com os campos magnéticos é explicada por um efeito relativista. Estes campos foram já descritos antes, mas depois percebeu-se que é a Relatividade que explica o magnetismo na realidade “. Não é preciso ir longe, basta olhar para o seu frigorífico carregado de ímanes.
Ouro à prova do tempo
José Luis Fernández Barbón esclareceu ainda que o ouro é praticamente “à prova do tempo”, do desgaste e da oxidação, por causa das propriedades dos seus átomos pesados, presentes também no mercúrio, cujos eletrões estão muito próximos do núcleo e se movem muito rápido. Por isso já sabe, a Teoria da Relatividade também explica o porquê do seu ouro permanecer intacto.
Energia nuclear
“Qualquer coisa que tenha a ver com a energia nuclear, bombas atómicas, reatores nucleares ou questões relacionadas com radioatividade, está ligada à famosa equação de Einstein (E=mc2) “, revela o cientista espanhol, que explica que todos esses processos envolvem mudanças maciças nos núcleos, que por sua vez resultam de grandes mudanças de energia.
Este artigo foi originalmente publicado a 25 de novembro de 2015.