O líder do partido socialista espanhol (PSOE) admitiu hoje liderar um governo de esquerda na sequência de acordos após as eleições gerais de dezembro, à imagem de Portugal, mas insistiu na necessidade de ganhar pelo menos “por um voto”.

“Em Portugal há um sistema presidencialista diferente do espanhol, mas em termos futebolísticos, a reflexão que faço é: no final quem ganha o campeonato? A equipa que ganha mais jogos, ou a equipa que tem pontos? É a que tem mais pontos“, disse Pedro Sánchez hoje em Madrid, num encontro com a imprensa internacional.

Questionado sobre se admite liderar um governo de esquerda, mesmo que o seu partido não seja o mais votado nas eleições de 20 de dezembro, o dirigente socialista recordou que o sistema espanhol – tal como o português – também prevê a eleição de deputados ao Congresso e que “são estes 350 deputados que vão eleger quem será o próximo presidente do Governo”.

“Em consequência, aquele que tiver maior capacidade de acordo – porque os espanhóis não vão querer mudar uma maioria absoluta por outra maioria absoluta, mas sim por partidos capazes de dialogar e fazer acordos – aquele que tiver maior capacidade de conseguir esses acordos será o eleito como próximo presidente do Governo”, salientou Pedro Sánchez.

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No entanto, Pedro Sánchez salientou que o seu objetivo “é ganhar as eleições”.

“Com um voto a mais do que o PP. Porque em Espanha as pessoas querem mudanças, não querem que Mariano Rajoy continue a governar e eu sou um dos que acreditam que o único partido que garante essa mudança segura, rumo à esquerda, é o PSOE”, realçou.

Sánchez considera que o PP de Mariano Rajoy se poderá “unir à direita de Rivera (Ciudadanos)”, mas nesse caso “dificilmente haverá uma mudança em Espanha”. “Em consequência é importante para o Partido Socialista ganhar as eleições [nem que seja] por um voto. No final, este jogo disputa-se entre duas equipas: o PP e o PSOE. Nem o Podemos nem o Ciudadanos. É o PSOE que vai jogar a final”, reforçou, prosseguindo a metáfora futebolística.

Pedro Sánchez – que disse ter falado com António Costa “há escassos dias” – considerou que a esquerda “ganhou de forma nítida e clara as eleições em Portugal”. “A diferença é que ao contrário da direita, a esquerda estava fragmentada, mas se somas o número de votos da esquerda teve mais do que a coligação de direita.

Por isso há dois elementos que reforçam a formação de Governo de António Costa: o voto maioritário de esquerda e o segundo é que alternativa era a instabilidade, porque o PS não se iria aliar à coligação de direita”, analisou.

Espanha realiza eleições gerais (o equivalente às legislativas em Portugal) a 20 de dezembro. As sondagens indicam o PP (direita, no poder) à frente, mas sem maioria absoluta, e o PSOE em segundo. Os emergentes Ciudadanos (centro-direita) e Podemos (esquerda) poderão ser fundamentais em eventuais acordos pós-eleitorais com os dois maiores partidos.