O advogado das famílias dos seis jovens que morreram há dois anos na praia do Meco, em Sesimbra, anunciou que pretende avançar com seis ações de responsabilidade civil contra o sobrevivente da tragédia e a Universidade Lusófona.
“Vamos avançar com seis ações de responsabilidade civil – uma por cada um dos alunos que morreram – contra o João Gouveia e contra a universidade. Nessas ações, uma das diligências de prova essenciais, que vamos pedir, é a tomada de declarações de João Gouveia, enquanto réu no processo cível”, disse à Lusa Vítor Parente Ribeiro.
“Uma vez que não temos resposta da parte criminal, até final deste ano devemos avançar com a ação cível”, justificou o advogado, que aguarda pelo recurso interposto para o Tribunal da Relação de Évora (TRE) da decisão do Tribunal de Setúbal de arquivar o processo, após a fase de instrução.
Contactada pela Lusa, fonte do TRE disse que o processo só deu entrada naquele tribunal no passado mês de setembro, depois das férias judiciais, e que o mesmo já foi distribuído, mas que “ainda não há nenhuma previsão da data de decisão, porque se trata de um processo fora do âmbito dos processos urgentes”.
No passado mês de março, o Tribunal de Setúbal, depois da instrução, decidiu arquivar o caso relacionado com a morte dos seis jovens universitários, a 15 de dezembro de 2013, na praia do Meco, em Sesimbra, no distrito de Setúbal.
O Tribunal de Setúbal considerou que não se vislumbrava qualquer elemento de um comportamento tirânico ou maléfico do `dux´ da Universidade Lusófona de Lisboa, João Gouveia, único sobrevivente da tragédia na praia do Meco e o único arguido no processo.
Na altura, o juiz do processo, Nélson Escórcio, disse ainda que, na fase na instrução, não tinham sido levados aos autos novos factos que pudessem indiciar o `dux´ da Universidade Lusófona de Lisboa pela prática de qualquer crime.
“Estes jovens (que morreram na praia do Meco) estavam lá porque queriam, porque gostavam, em torno de uma causa”, afirmou, na ocasião, o magistrado do Tribunal de Setúbal.
Opinião contrária manifestaram os familiares dos seis jovens, que admitiram a possibilidade de os seis jovens terem morrido durante uma praxe dirigida pelo `dux´ João Gouveia, único sobrevivente da tragédia.
O advogado das famílias, Vítor Parente Ribeiro, acredita que foram recolhidos “indícios fortes” de que a morte dos seis jovens poderá ter ocorrido devido a um crime de exposição ou abandono, razão pela qual interpôs recurso da decisão do Tribunal de Setúbal para o Tribunal da Relação de Évora.