O comissário europeu Carlos Moedas assegurou que a Europa olha para Portugal como para todos os outros países, alertando que para que a credibilidade construída se mantenha, o país deve continuar um caminho de recuperação frágil e difícil.

No final da primeira reunião que teve hoje à tarde em S. Bento com o primeiro-ministro, António Costa, o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, sublinhou que “importa Portugal ser sempre um país credível”, considerando que essa “credibilidade é a de conseguir estar sempre em contacto com todas as instituições europeias”.

“É com muito gosto que eu ajudarei em tudo aquilo que posso o Governo português para que toda essa credibilidade que foi construída se mantenha, aumente, para Portugal continuar a seguir um caminho que é muito difícil”, disse, destacando que o país ainda está “num caminho de recuperação, que é um caminho frágil, um caminho difícil, que dependerá de um trabalho diário”.

Uma eventual maior flexibilização das regras não esteve em cima da mesa na reunião de hoje, mas Carlos Moedas assegurou que “a Europa olha para Portugal como para todos os outros países”, defendendo, em termos de futuro, “que os países cumpram as regras” porque “é isso que cria estabilidade nos mercados, nos investidores e nos investimentos”.

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“Aquilo que é o papel da Comissão Europeia é conseguir juntar 28 vontades, 28 países, 28 grupos diferentes de pessoas e de culturas e ver que a Europa só poderá ser melhor se estiver mais unida, se partilhar mais, se cumprir as suas próprias regras”, enfatizou.

Questionado pelos jornalistas sobre os problemas da banca, e concretamente sobre o Banif, o ex-secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro começou por responder que esse não tinha sido um dos temas em discussão com António Costa, mas assegurou que a “Europa conseguiu reagir para resolver os problemas para o futuro”, mas não pode “evitar os problemas do presente em várias economias e em vários bancos, como foi o caso de Portugal”.

“A crise foi profunda, mas os instrumentos que nós criamos depois da crise são instrumentos que, um dia mais tarde, dentro de 10 anos, vamos olhar para trás e ver que eram a solução para esses problemas”, antecipou.

As questões orçamentais também não foram discutidas e Carlos Moedas recordou apenas que “Portugal foi muito claro no compromisso europeu, no compromisso das regras europeias” e reiterou que a Comissão Europeia está “muito contente” por ver que o país está comprometido e a Europa vai em breve receber o orçamento preliminar.

Sobre a notícia avançada hoje pelo jornal Público de que BCE recusou a oferta para o Banif que poupava milhões ao Estado, Carlos Moedas recordou apenas que “um comissário europeu não faz comentários sobre aquilo que são as decisões do BCE”.

“Estivemos a falar sobre o papel de Portugal no mundo e na Europa. Falamos muito sobre os refugiados e congratulei o senhor primeiro-ministro pelo trabalho que Portugal tem feito sobre os refugiados. Portugal tem tido um papel preponderante”, disse ainda o comissário europeu, destacando que António Costa “é um europeísta convicto”.