Sobem de tom as críticas recíprocas e a agressividade entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, principais candidatos à nomeação Democrata para as eleições presidenciais nos EUA. No quarto debate do Partido Democrata, este domingo, Hillary Clinton acusou o senador Sanders de mudar de opinião várias vezes sobre os temas da prestação de cuidados de saúde e o controlo das armas de fogo. Bernie Sanders respondeu tentando colar a antiga secretária de Estado de Obama ao poderoso banco de investimento Goldman Sachs e à “corrupção” que existe na alta finança.

No retrato feito pelos jornais norte-americanos, Clinton procurou apresentar-se como a herdeira natural de Barack Obama, o presidente que serviu enquanto secretária de Estado, e relegar Bernie Sanders a um papel de candidato da descontinuidade. Hillary não repetiu a expressão “troca tintas” que tinha usado recentemente para descrever a posição de Bernie Sanders sobre a legislação de controlo de armas que Obama tem procurado introduzir. Mas a secretária de Estado disse-se “satisfeita” pelo facto de Sanders ter “revertido” a sua posição sobre esta matéria controversa.

Bernie Sanders passou boa parte das duas horas de debate à defesa, mas não deixou por isso de reagir à investida de Clinton com algumas alfinetadas. O veterano senador criticou Hillary Clinton por “aceitar mais de 600 mil dólares” em pagamentos por discursos em conferências organizadas pela Goldman Sachs. “Eu não recebo dinheiro de grandes bancos. Não recebo remunerações por participação em conferências da Goldman Sachs“, afirmou Sanders, garantindo que sente “muitas dúvidas quando alguém recebe dinheiro de Wall Street“. 

A resposta de Clinton foi criticar Sanders por várias vezes se ter oposto a legislação que Barack Obama quis introduzir em Wall Street, o coração do setor financeiro norte-americano. Aqui, tal como muitas vezes durante o debate, Sanders abanou a cabeça em reprovação.

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Porque os EUA gastam mais em saúde do que outros países com serviço universal?”

A saúde acabou, contudo, por ser o grande tema do debate. Sobre a saúde (e, também, sobre as armas) Sanders acusou Hillary Clinton de ser “muito engenhosa” quando a mulher de Bill Clinton descreve as posições de Sanders sobre estes temas. Enquanto questionava Clinton por que razão é que os EUA gastam mais em saúde do que outros países (como o Reino Unido e o Canadá), que oferecem cuidados universais, Bernie Sanders apresentou um plano para dar saúde gratuita a todos os americanos.

O plano passaria por um aumento “ligeiro” dos impostos para as pessoas e por um pagamento por parte dos empregadores, que permitiria, garante Sanders, alargar o programa Medicare a todos os cidadãos.

Resposta de Clinton: “Nem quando os Democratas tinham o domínio do Congresso [que, agora, tem uma maioria Republicana] conseguimos ter os votos para fazer isso”. Segunda resposta de Clinton: o plano de Sanders será um retrocesso e uma ameaça ao plano instalado por Obama nos últimos oito anos – o Affordable Care Act.

“Disparate”, respondeu Sanders. “Nós não queremos rasgar o Affordable Care Act, eu ajudei a escrevê-lo, mas vamos caminhar no sentido de um sistema Medicare-para-todos“, garantiu o senador do Vermont. Bernie Sanders quer acabar com os planos de saúde privados (seguros individuais) e isso seria suficiente para anular, praticamente, o efeito da subida de impostos que existirá no seu plano.