O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário convocou uma greve na CP Carga para dia 28 de janeiro, para que os trabalhadores possam participar numa ação de protesto contra a privatização da empresa de transporte de mercadorias.

“Porque a privatização da CP Carga é sempre negativa, independentemente do governo, iremos para a luta no próximo dia 28 de janeiro, na forma da realização de um cordão humano em defesa da CP Carga pública”, lê-se no comunicado enviado hoje pela estrutura sindical.

A concentração dos trabalhadores começa às 10:30 em frente à sede da CP Carga, na Avenida da República, seguindo-se depois a deslocação até ao Tribunal de Contas e, por fim, ao Ministério do Planeamento e Infraestruturas, que tem a tutela da empresa de transporte ferroviário, na presidência do Conselho de Ministros, na rua Gomes Teixeira.

Na mesma nota, o sindicato apela aos trabalhadores para participarem na luta, que será complementada com um pré-aviso de greve para todo o dia 28 de janeiro.

Na semana passada, uma delegação das organizações representativas dos trabalhadores da CP Carga deslocou-se à residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, para entregar um documento a reivindicar a suspensão da privatização da empresa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, considera que a privatização da CP Carga é “um processo obscuro e pouco transparente”, defendendo que o Governo “não deveria” prosseguir com a venda da empresa.

“Entendemos que devemos continuar a manifestar o nosso descontentamento face à intenção de privatizar esta empresa que é estratégica para o país, além de que este processo é altamente lesivo para o erário público”, explicou o dirigente sindical.

No passado dia 13, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse que o processo de privatização da CP Carga está em curso, realçando que a suspensão não está prevista nem no programa de Governo nem nos acordos políticos com o PCP e com o Bloco de Esquerda (BE).

“Como sabem, não estava nem no programa de Governo nem nos acordos políticos. Essa empresa não estava entre as que era prevista a reversão [da privatização] “, afirmou Pedro Marques, na quinta-feira passada, no Aeroporto de Lisboa, à margem da apresentação de novos investimentos da ANA – Aeroportos de Portugal.

O acordo de venda de 95% do capital da CP Carga com a operadora ferroviária MSC foi assinado pelo Governo anterior, a 21 de setembro passado, tendo em dezembro a Autoridade da Concorrência dado ‘luz verde’ ao negócio.