O iPhone está a vender pouco. Nos últimos três meses de 2015, as vendas do telemóvel da Apple quase estagnaram, crescendo apenas 0,4% em relação ao mesmo período do ano passado. É o ritmo menos acelerado desde o lançamento do primeiro modelo, há quase nove anos. A Apple desvaloriza. Ao Wall Street Journal, Tim Cook, diretor executivo, diz estar otimista. Mas como explicar esta desaceleração?
Em setembro do ano passado, a Apple lançou o iPhone 6S e 6S Plus, a evolução do iPhone 6 e 6 Plus apresentados um ano antes, em 2014. Mas, de um modelo para o outro, pouca coisa terá mudado. E o que mudou não terá sido suficiente para levar os fãs a fazerem um novo investimento — isto é, a comprarem o último modelo.
Recordemos as principais mudanças: a câmara principal foi melhorada (passou de oito para 12 megapíxeis); a câmara frontal idem (passou de 1.2 para cinco megapíxeis); foi introduzida a tecnologia 3D Touch, que abre um leque de novas funcionalidades relacionadas com o ecrã tátil; e, por fim, um novo processador, teoricamente 70% mais rápido que o do modelo anterior. Mudanças pouco expressivas, por sinal — e enquanto o cerco se aperta para a Apple, já se apontam novidades para março: um novo (e inesperado) iPhone, mais pequeno e barato (para já, não há confirmação oficial).
Ainda assim, basta olhar para o passado para perceber que a euforia em torno dos novos telemóveis da Apple já terá tido melhores dias. Por exemplo, antes mesmo de chegar ao mercado — antes até de se saber o que era um iPhone –, o primeiro iPhone já dava que falar. Foram cerca de dois anos de rumores que, de resto, sempre estiveram associados à história da marca. A 9 de janeiro de 2007, a Apple fazia ponto final, parágrafo: passavam 41 minutos das nove da manhã quando Steve Jobs, diretor da empresa à altura, desvendava o aparelho que iria “reinventar o telemóvel”. Surgia assim o iPhone original. Mas do primeiro ao mais recente, o que terá mudado? Muita coisa. Vejamos:
iPhone (original) | iPhone 6S | |
Lançamento | Janeiro de 2007 | Setembro de 2015 |
Ecrã | 3.5 polegadas | 4.7 polegadas |
Dimensões | 115 por 61 mm | 11,6 mm de espessura | 138,3 por 67,1 mm | 7,1 mm de espessura |
Peso | 135 g | 143 g |
Câmaras | Principal: 2 megapíxeis | Frontal: Não tem | Principal: 12 megapíxeis | Frontal: 8 megapíxeis |
Armazenamento | Versões de 4, 8 ou 16 GB | Versões de 16, 64 ou 128 GB |
Memória RAM | Não especificado | 2 GB |
Sensores | Acelerómetro e Sensor de Proximidade | Acelerómetro, Sensor de Proximidade, Sensor de Impressões Digitais, Giroscópio, Bússola, Barómetro |
Bateria | Em chamada: até 8 horas | Em chamada: até 14 horas |
Preços |
Entre 499 e 599 dólares (preço de lançamento nos EUA), 399 e 499 euros (na Alemanha) | Entre 759 e 979 euros (preços da loja da Apple) |
Quando o primeiro iPhone apareceu, a notícia foi encarada com algum entusiasmo pela generalidade dos média — embora o aparelho só viesse a ser comercializado a 29 de junho. Afinal, não era todos os dias que se via nascer “um telemóvel que toca [música do] iTunes e navega na Web”, que permitia “descobrir onde fica a Starbucks mais próxima” e que até fazia chamadas. Havia mais: tinha uma câmara (exclusivamente) fotográfica de dois megapíxeis, um teclado virtual, sensor de proximidade e acelerómetro, ecrã multitouch protegido com Gorilla Glass, vibração e, claro, Wi-Fi e rede móvel EDGE.
Tudo junto, o iPhone era o primeiro telemóvel “xpto” que todos queriam ter — mas que nem todos podiam, efetivamente, ter: custava entre 499 e 599 dólares (preço de lançamento nos Estados Unidos, com exclusividade para a operadora AT&T), uma gama pouco acessível a algumas carteiras. Mesmo assim bastaram 74 dias para ultrapassar a barreira do milhão de iPhones vendidos. Para a Apple, este era um motivo de orgulho, devidamente assinalado pelo diretor. “O iPod demorou quase dois anos a alcançar a mesma marca”, terá dito Steve Jobs. Atualmente, os preços do iPhone (6S e 6S Plus) estão ainda mais altos: por cá, o telemóvel da Apple (iPhone 6S) custa entre 759 e 979 euros, consoante a versão escolhida (preços da loja da Apple).
Hoje, por onde andará o primeiro iPhone de todos? Uma pesquisa no eBay revela dezenas deles a serem vendidos como autênticas peças de museu. Há quem peça 340 euros para se desfazer dele. Porém, a outros basta-lhes 30 ou 40 euros.
Editado por Filomena Martins