O ex-treinador do FC Porto Julen Lopetegui afirmou hoje, em entrevista ao jornal espanhol AS, que o presidente portista, Pinto da Costa, é “mal influenciado em alguns momentos”, considerando que o próprio não estava muito convencido do seu despedimento.
“Tenho uma boa relação com Pinto da Costa, até mais além da de presidente e treinador”, disse o técnico, considerando-o “um bom presidente e um bom homem”, apesar de achar que ‘sucumbiu’ a conselhos no sentido do seu despedimento, a 07 de janeiro.
Após ano e meio no Dragão, o técnico sustenta: “Saio com boa imagem dele e acho que ele fica com a mesma de mim”.
“Também sei que há uma grande pressão por trás e que tomou uma decisão com a qual não estava completamente de acordo, até porque se despediu carinhosamente de mim”, argumentou.
Na extensa entrevista ao periódico espanhol, Lopetegui reafirma o “privilégio por ter treinado uma equipa com o nível de importância e exigência como a do FC Porto”, mas que sai com uma “sensação de tristeza por ter sido afastado da parte final de um projeto novo, em construção”.
A esse propósito, diz que pretendia “corrigir, durante o mercado de inverno, alguns desequilíbrios identificados”.
“Tínhamos mais pontos do que no ano passado, tínhamos 14 novos jogadores e muito jovens e estávamos a lutar ainda em quatro competições”, recordou.
Segundo o treinador basco, o FC Porto “tinha equipa para competir e ganhar a Liga, mas não para a ganhar em novembro ou dezembro”.
“A maneira de analisar e valorizar o que estávamos a fazer era diferente da que pensávamos e foi isso que se quis transmitir”, queixou-se.
Uma das questões colocadas visou palavras do presidente em entrevista ao Porto Canal, onde afirmou que o facto de Imbula não ser opção se assemelhava a ter “um Ferrari parado na garagem”, ao que Lopetegui retorquiu: “É bom jogador, mas tínhamos outras prioridades para a equipa e não chegaram”.
O jornalista do AS questionou Lopetegui sobre a possibilidade de a proximidade de eleições no clube ter influenciado no sentido do despedimento: “Não sei, mas há muito ruído em redor e a verdade é que saímos ainda na luta por quatro títulos”.
Foram também recordados os assobios à equipa técnica aquando da vitória por 3-1 sobre a Académica, em casa, desfecho que permitiu aos portistas reassumirem a liderança, o que levou Lopetegui a confirmar que “o ambiente não era bom”.
“Em vez de celebrar a vitória e a liderança, as pessoas punham o foco no facto de não jogar determinado jogador da formação [André Silva] e parecia que procuravam desculpas para levar as coisas para o lado negativo quando tudo era positivo”, referiu.