O secretário-geral da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Abdullah El Badri, defendeu, esta segunda-feira, o congelamento da produção de petróleo para fazer face à queda continuada dos preços.

El-Badri secundou assim a estratégia da Venezuela, Qatar, Arábia Saudita e Rússia — os três primeiros são membros da OPEP — que recentemente alcançaram um acordo para congelar a produção nos níveis de janeiro se outros países apoiarem a medida.

Irão e Iraque também se mostraram dispostos a abraçar a estratégia.

“Este seria um primeiro passo”, afirmou El-Badri, durante uma conferência internacional sobre energia (IHS Ceraweek), que se realiza anualmente em Houston, nos Estados Unidos da América.

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Segundo o secretário-geral da OPEP, a estratégia deveria prolongar-se durante três ou quatro meses, para avaliar o seu efeito e aplicar novas medidas, que não especificou.

“Se isto funcionar, quem sabe no futuro podemos acordar novos passos”, afirmou El-Badri, que ocupou diversos cargos na Líbia de Muammar Kadhafi entre 1983 e 2006, incluindo o de ministro do Petróleo e da Energia.

O secretário-geral da OPEP — organização que controla 40% da produção mundial — mostrou-se esperançado que, com um acordo entre potências, os preços voltem a subir em 2017, apesar de reconhecer que a situação atual é preocupante.

Com essa meta, El-Badri admitiu que a colaboração por parte de países que não fazem parte da OPEP, em especial, os Estados Unidos, é necessária.

“Não sei como vamos conviver com o petróleo de xisto produzido nos Estados Unidos”, partilhou o mesmo responsável.

O designado petróleo de xisto, extraído com uma técnica que só é rentável com o barril a pelo menos 65 dólares e a estratégia inicial da OPEP de aumentar a produção passava por afastá-lo do mercado.

Esta estratégia teve como consequência a queda progressiva do preço em 2015 e no início de 2016 até aos 26 dólares, o valor mais baixo em 12 anos.

Além de afastar do mercado o petróleo de xisto, este declínio teve graves consequências nas economias de países produtores como a Venezuela e o Irão.

Por isso, na semana passada, Venezuela, Qatar, Arábia Saudita e Rússia acordaram em Doha congelar a sua produção para estabilizar o preço do crude, o que sugere uma mudança de atitude por parte dos sauditas, o principal apoiante da estratégia anterior.