Se Espanha tivesse eleições antecipadas agora, pouco ou nada mudaria no que diz respeito ao bloqueio político que arrasta o país há mais de três meses. Embora com menos votos, o Partido Popular voltaria a sair vencedor, ao passo que o resto dos votos continuariam tão pulverizados quanto estão agora.
Uma nova sondagem da Metroscopía/El País, divulgada no domingo, coloca o Partido Popular (27,7%) à frente, seguindo-se o PSOE (21%) — repetindo, assim, a ordem obtida nas eleições de 20 de dezembro. No entanto, o terceiro e quarto lugar mudam, consoante esta sondagem. Se houvesse eleições agora, o Ciudadanos (18,8%) apareceria como terceiro maior partido e o Podemos (15,9%) desceria para quarta força política do país. Por fim, o quinto maior partido seria a coligação Izquierda Unida – Union Popular (IU – UP), com 6,9%.
Há ainda 9,7% de inquiridos que disseram votar noutros partidos ou em branco.
Em relação às eleições de dezembro de 2015, o PP e o PSOE são aqueles que menos veem o seu voto a ser alterado, perdendo apenas um ponto percentual cada um. Já o Ciudadanos sobe quase 5%, depois de ter tido 13,9% nas eleições — um resultado que, na altura, foi aquém daquilo que as sondagens lhe previam. Por fim, o Podemos é o partido que mais perde, descendo de 20,7% para 15,9%. Esta queda pode ter origem na crise política vivida no Podemos, que se recusou a viabilizar um governo do PSOE com o Ciudadanos. Mas também pode ser explicada com uma fuga de votos para a coligação de esquerda IU-UP, que subiu dos 3,7% de setembro para 6,9%.
Espanhóis preferem coligação entre PSOE e Ciudadanos
Outra das perguntas colocadas neste sondagem da Metroscopía e do El País era sobre qual é a solução governativa preferida dos espanhóis — uma pergunta muito importante, tendo em conta que nenhum partido consegue, por si só, atingir uma maioria no parlamento.
A fórmula que recolheu mais apoio foi uma coligação do PSOE e dos Ciudadanos viabilizada no parlamento com a abstenção do Podemos ou de outros partidos. 53 inquiridos acharam “bem” desta ideia, 42 acharam “mal”, resultando assim num saldo positivo de 11 pontos.
De seguida, foi aprovada com 4 pontos uma coligação entre o PSOE, o Podemos e a IU-UP.
Eleitores do PP querem que Rajoy caia
Más notícias para Rajoy. Quando questionados sobre se queriam que o atual líder do PP fosse a cara do partido num cenário de eleições antecipadas, apenas 44% dos eleitores do PP responderam afirmativamente — isto é, a maioria da base eleitoral deste partido preferia que Rajoy fosse substituído.
Apesar das crises internas nos dois partidos, os eleitores do PSOE e os do Podemos querem que os seus líderes continuem numas novas eleições — mais propriamente, 76% para Pedro Sánchez e 72% para Pablo Iglesias.
Já Albert Rivera parece ser um líder inabalável. Uma esmagadora maioria de 96% de eleitores do Ciudadanos disseram que querem vê-lo a liderar o partido nas próximas eleições.
Maioria diz que partidos se devem entender, mas acha pouco provável
Esta sondagem é divulgada precisamente 30 dias antes da data limite, fixada a 2 de maio, para os partidos aprovarem uma solução de Governo no Congresso dos Deputados. Se tal não acontecer, Espanha terá de ir novamente às urnas — desta vez, a 26 de junho, meio ano depois das eleições até agora inconclusivas de dezembro de 2015.
Segundo a consulta da Metroscopía / El País, 64% dos espanhóis acham que os partidos devem ceder no que for necessário para ser encontrada uma fórmula de Governo, contra 33% que preferem que haja novas eleições. E, se tivessem de apostar, a maior parte dos espanhóis diria que é mesmo isto que vai acontecer. Dos inquiridos desta sondagem, 76% disseram que vai haver novas eleições e apenas 19% disseram que os partidos acabarão por formar um Governo a tempo.
Outro dado interessante é aquele que sugere que, embora sem Governo, os espanhóis se habituaram ao fim do bipartidarismo, vigente em Espanha desde as eleições de 1976 e que saiu ferido das eleições de dezembro. 70% dos inquiridos dizem que preferem que haja “vários partidos de tamanho não muito diferente mesmo que seja mais difícil a formação de Governo, porque isso aumenta a pluralidade no parlamento”. Somente 27% apontam na direção contrária, preferindo “dois grandes partidos porque isso torna mais fácil a formação de governos, mesmo que assim se reduza o pluralismo no parlamento”.