No dia em que João Soares apresentou a sua demissão, Rui Vieira Nery escreveu que faz falta ao país um ministério da Cultura que tenha um “reforço orçamental gradual” e que as políticas culturais sejam uma “responsabilidade partilhada de vários ministérios” e que envolva “fontes múltiplas de financiamento nacionais e comunitárias”.
O musicólogo e diretor do programa de Língua e Cultura Portuguesas da Fundação Calouste Gulbenkian utilizou a página que tem no Facebook para se pronunciar sobre a mais recente polémica cultural portuguesa. No final, é claro: além daquilo que é necessário fazer para salvar o “verdadeiro estado de emergência a que chegou a vida cultural portuguesa, pelo enfraquecimento crescente (…) da capacidade de intervenção do Estado no setor”, o resto “não faz falta nenhuma”.
O QUE FAZ FALTAFaz falta assumir de uma vez por todas – na prática e não apenas nas grandes declarações de princípio –...
Publicado por Rui Vieira Nery em Sexta-feira, 8 de Abril de 2016
Esta sexta-feira, o primeiro-ministro António Costa aceitou a demissão de João Soares do cargo de ministro da Cultura. Em causa está o polémico post do Facebook em que João Soares lembra o “par de bofetadas” que tinha prometido em 1999 a Augusto M. Seabra “e já agora ao Vasco Pulido Valente, para as salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem. A mim também”, escreveu.
Mais tarde, por SMS enviada a um jornalista do Expresso, ainda ironizou — “peço desculpa se os assustei” –, mas na noite de quinta-feira, António Costa lembrou que os membros do Governo não se devem esquecer que são membros do Governo, mesmo que estejam numa “mesa de café”.
“Já recordei aos membros do Governo que, enquanto membros do Governo, nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo”, disse aos jornalistas, à porta do Teatro da Comuna, em Lisboa. Esta sexta-feira, João Soares pediu a demissão.