Todos os casos de corrupção da história têm objetos e símbolos que ficam conhecidos para a história e para sempre relacionados com o caso. Exemplos disto são os casos Watergate, batizado de “Garganta funda”, o nome dado ao homem que deu informações aos jornalistas, ou o recente caso no Brasil, Lava Jato, que tem este nome porque a primeira pista apareceu numa gasolineira onde também se lavavam carros. No caso de Kirchner as palavras associadas são bem diferentes: malas, balanças e cofres.
Cristina falou esta quarta-feira perante um juiz por aparentes irregularidades com alguns contratos na altura em que era presidente da Argentina. No processo contra a ex-presidente, surgem algumas palavras que são referidas várias vezes.
“Levavam o dinheiro em bolsas, malas e mochilas“, conta o jornalista Clarín Nicolás Wiñazki que investigou a chamada “rota do dinheiro K” , fundos que os governos do presidente Néstor Kirchner, da sua esposa e da sua sucessora, Cristina Fernández, obtiveram supostamente de uma forma irregular.
O caso foi apelidado ironicamente de “marroquinaria política” pelo escritor e analista Jorge Asís, um dos primeiros a mencionar a operação. Segundo Asís, o sistema incluía o transporte de dinheiro em malas, que viajavam tanto por terra como por ar, desde Santa Cruz, onde estava o bastião dos Kirchner quando governavam, entre 2003 e 2015, para ser copiado ou transferido.
A segunda palavra mais usada foi cofre, espaços onde o dinheiro era copiado, podendo ser uma casa com portas blindadas ou casas-fortes de tamanho gigantesco. Contudo, as informações referentes a estes locais foram arquivadas devido à falta de provas.
A terceira palavra mais vista no processo foi balança. “O dinheiro era tanto que não erra contado: era pesado”, afirma o jornalista Jorge Lanata, um dos fundadores do diário Pagina 12 e um opositor dos Kirchner. As notas de 500 euros eram as mais contrabandeadas.