É um coelho tirado da cartola no último momento. No dia em que anunciou que as obras do eixo entre o Marquês de Pombal e a Av. Elias Garcia vão começar esta semana, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa trouxe um trunfo para tentar apaziguar os moradores daquela zona. Em vez de duas ciclovias, uma de cada lado das avenidas Fontes Pereira de Melo e da República, só vai ser construída uma, bidirecional. Isso vai permitir poupar 156 lugares de estacionamento da morte anunciada e ainda vai levar à criação de sete novos lugares.

“Em vez de termos duas teremos uma ciclovia bidirecional do lado poente da Avenida da República”, disse Fernando Medina, acrescentando que “esta opção reforça e melhora o projeto”, uma vez que a solução bidirecional “aproxima todos os que utilizam a mobilidade suave”.

Na semana passada, na enésima reunião de apresentação e discussão das obras neste eixo, muitos moradores mostraram-se preocupados e revoltados com a significativa redução de lugares de estacionamento prevista nas obras. Nessa noite, instado a dizer se ainda se poderia fazer alterações ao projeto, o vereador do Urbanismo da câmara, Manuel Salgado, não quis comprometer-se.

Inicialmente, a câmara previa eliminar 300 dos 619 lugares de estacionamento. Esta terça-feira, e apesar dos números avançados por Medina e Salgado, o vereador não especificou quantos lugares são eliminados em todos os troços abrangidos pela empreitada. Na semana passada, Manuel Salgado já tinha anunciado um acordo para que os moradores tenham estacionamento nos parques subterrâneos da zona, a 25 euros por mês — um preço contestado pelos habitantes, mas que é “incomparavelmente mais baixo do que qualquer uma das tarifas que se praticam” hoje em dia, argumentou o vereador.

O vereador do CDS na câmara, que foi sempre crítico do projeto e até chegou a apresentar uma versão alternativa, foi o primeiro a reagir às mudanças anunciadas por Medina e Salgado, classificando-as como “um assomo de bom senso”. João Gonçalves Pereira considera, ainda assim, que “este projeto fica muito aquém do que seria desejável em termos de mobilidade para os lisboetas”.

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