No início da semana a socialite Kim Kardashian fez mais uma das suas: chocou os internautas ao partilhar fotografias ousadas, tiradas no casamento da modelo Isabela Rangel e David Grutman, em Miami. Mais do que decotes acentuados (e afins), as imagens de Kardashian, bem como a sua indumentária, despertaram uma dúvida: afinal pode-se usar preto em casamentos? Se sim se não, essa e outras perguntas estão na ordem do dia, não fosse a época dos matrimónios arrancar com a primavera que já se faz sentir, motivo suficiente para pedir dicas a três especialistas em moda e consultoria de imagem.

Antes das regras, fica o conselho: mais do que etiqueta e protocolo, o importante é respeitar os desejos dos noivos.

Vestido preto: sim ou não?

Por mais casamentos que constem no currículo, o mais provável é que uma pergunta subsista: podemos ou não levar um vestido preto para acompanhar o momento em que uma amiga ou um amigo sobe ao altar? “O preto deve ser evitado porque é uma cor associada à tristeza, não é muito festiva”, arranca Mónica Lice, consultora de imagem. Se a objeção da autora do blogue Mini-Saia se resume à mensagem que a tonalidade passa, o mesmo não se pode dizer da opinião do stylist Pedro Crispim, para quem há vestidos… e vestidos. “Se for um preto com acessórios mais garridos já não choca tanto. O mesmo se pode dizer caso tenha um comprimento que mostre um pouco de pele”, afirma, lembrando que quanto mais tecido preto houver, maior é o choque. Maria Duarte Bello, coach de imagem, concorda: “O preto integral não é aconselhado para um dia de festa, mas se tiver outros componentes, como acessórios ou mangas coloridas, já é diferente”. Crispim lembra ainda que há sempre tonalidades semelhantes ao preto e que cumprem uma função idêntica, como o azul petróleo ou o azul meia-noite.

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Vestido Cynthia Rowley, disponível para alugar na Chic by Choice por 60€

Mas também não posso ir de branco, pois não?

O dia do casamento nunca deixa de ser uma cerimónia onde a noiva é a protagonista, pelo que cabe aos convidados (femininos e masculinos) não ofuscá-la. Dito isto, o branco está fora de questão, ainda que Maria Duarte Bello faça uma ressalva: “Não se deve usar, mas se for complementado com outros acessórios…” Em alternativa à cor, lembra Pedro Crispim, pode-se sempre optar por tons mais claros, como o pérola ou o champanhe. Sugestões que contrariam a opinião de Mónica Lice: “Nunca recomendaria um vestido comprido creme, branco ou dourado. Esse tipo de peça é associado a vestidos de noiva.”

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Vestido Christian Pellizzari, disponível no site Farfetch por cerca de 1.200€

E, já agora, o que dizer dos estampados?

Para poderem ser usados de dia e de noite, as flores e determinadas cores mais garridas entram diretamente na lista das boas sugestões. No entanto, esclarece Crispim, há estampados que nunca podem sair do armário, como é o caso do padrão leopardo. O importante, reitera, é saber escolher (bem).

Quão longo ou curto deve ser o vestido?

O comprimento de um vestido varia consoante a hora do dia a que a cerimónia é realizada. Caso o casamento esteja marcado para as primeiras horas da manhã o pretendido são peças de roupa sofisticadas, mas discretas, não muito longas; a partir das 18h00 a mulher já pode optar por um vestido mais comprido e dramático q.b., com algum brilho incluído. “Um casamento que começa às 12h00 será menos formal do que aquele que começa às 18h00 ou às 19h00, o qual pede roupas com mais brilhos e mais compridas”, diz Mónica Lice.

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Vestido em chiffon, H&M, 59,99€

E porque nem tudo é uma questão de comprimento, vestidos em licra, daqueles que ficam colados ao corpo, decotes profundos e rachas dramáticas devem ficar fora de cena — tudo o que é demasiado revelador é proibido. Como diz Pedro Crispim, a sofisticação e a discrição não têm de ser aborrecidas, até porque o implícito é mais elegante que o explícito.

Que sapatos devo calçar?

É certo que os sapatos dependem muito do visual pretendido, mas há modelos que resultam sempre — um exemplo são os habituais stiletto em tons nude, isto é, mais neutros. O importante é respeitar a regra que dita que vestidos dramáticos pedem por sapatos discretos, e vice-versa, e pôr completamente de lado as botas (sejam elas pelo tornozelo ou pela linha do joelho), os ténis e os chinelos de enfiar o dedo. E sim, combinar os sapatos (com saltos ou rasos) com a mala é coisa do passado — o melhor será mesmo desafiar-se a fazer o oposto.

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Sapatos Zara, 59,95€

Com ou sem chapéu?

Os chapéus ou toucados devem ser usados — à semelhança dos vestidos mais ou menos compridos — de acordo com a hora do dia. Faz mais sentido usar uma das duas opções enquanto o sol brilha lá no alto, porque assim os ditos são úteis, além de adornos de alguma relevância. Mas fica o aviso: se para Pedro Crispim levar chapéu implica que se use o acessório durante toda a cerimónia, uma vez que removê-lo põe a descoberto o cabelo provavelmente desgrenhado, para Mónica Lice estes deveriam apenas cobrir a cabeça de familiares mais próximos dos noivos.

E o que dizer dos restantes acessórios?

As mulheres devem optar por carteiras pequenas, sofisticadas, e por óculos de sol de traço e estilo intemporal. A isso Mónica Lice acrescenta que não há mal em repetir roupa, desde que isso seja feito com algum intervalo de tempo — “essa é a vantagem de comprar roupas intemporais”. As luvas, essas, usam-se cada vez menos em casamentos.

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Clutch de festa, Parfois, 27,99€

Já agora, o que devem eles levar?

Cortes de cabelo intemporais, sapatos com atacadores, tons neutros nas gravatas ou nos lenços e fraques só quando o casamento acontece de manhã são as sugestões de Pedro Crispim, para quem os homens não devem tirar o casaco ou a gravata em qualquer circunstância, nem mesmo à mesa ou quando na pista de dança, a dar tudo por tudo.