O ex-deputado socialista e grande amigo de António José Seguro, António Galamba, volta a atacar o Governo de António Costa. Em entrevista ao jornal i o socialista afirma que as pessoas só não criticam mais o governo socialista, como ele, “por medo de retaliações”. E acrescenta que uma das provas de que não estão todos unidos nesta solução de Governo é que 8.700 militantes já deixaram de pagar quotas desde que Costa foi eleito secretário-geral do partido.

Por cada dia que o dr. António Costa é líder do PS, há 14 militantes que deixaram de estar em condições de ter uma participação integral no PS. Isto é sintomático de que há aqui alguma coisa que não está a funcionar”,afirmou o socialista, lembrando os números divulgados pela direção nacional do partido: “entre o último congresso nacional, a última eleição direta do secretário-geral do partido e esta última eleição houve 8.700 militantes do Partido Socialista que deixaram de estar em condições de poder votar porque não têm as quotas em dia”.

Sobre o facto de ser praticamente o único a criticar o governo de Costa, António Galamba justifica que “há algum medo no Partido Socialista em se dizer o que se pensa”.

Entre os ex-dirigentes há três situações: os que foram integrados, os que estão resignados e aqueles que julgam que devem dizer aquilo que pensam. Eu incluo-me nesse grupo, que é um grupo muito restrito.” E porquê? “Por manifesto medo de retaliações”, respondeu.

“Têm medo de várias coisas. De perder aquilo que têm ou de não virem a ter aquilo que esperam em função do exercício do poder”, acrescentou.

E diz ainda que dizer aquilo que pensa publicamente “é a melhor forma de não entrar por caminhos que, aliás, foram trilhados pelo atual secretário-geral que, direta ou indiretamente, ao longo dos últimos anos, promoveu muitas movimentações mais ou menos secretas de forma a debilitar a afirmação do Partido Socialista”, desgastando a liderança de Seguro.

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“Se o PS perder as autárquicas Costa deve demitir-se”

Considerando os resultados das legislativas uma “derrota” para o partido, António Galamba diz que agora “o que é expectável é que o Partido Socialista tenha uma nova maioria absoluta nos Açores e que nas próximas eleições autárquicas consiga pelo menos manter as 150 câmaras que atualmente tem”.

Se o PS perder as autárquicas o secretário-geral deve demitir-se e assumir as responsabilidades que não assumiu nas eleições legislativas”, defendeu o socialista.

E alerta que a “conjugação” com o Bloco e o PCP “é de grande risco ao nível das autárquicas”, considerando “inqualificável e inaceitável” que “um partido como o PS, que é o maior partido autárquico, dê a ideia de que num determinado território desiste de ir à luta”, como é o caso do Porto.

Cortes nos colégios privados: “Isto não é de gente séria. Não se faz assim”

Sobre a polémica com os contratos de associação, que opõe Governo e colégios privados, o socialista também não poupou críticas à atuação do Executivo: “O que o Estado diz é ‘estou-me a borrifar para os amigos que tens na turma’, ‘estou-me a borrifar para o ambiente em que te sentes bem’ (…) Isto não é de gente séria. Não se faz assim.”

“O que eu acho é que se o Estado quer poupar então vamos ver tudo! Mas tudo mesmo, incluindo quantos sindicalistas que são suportados pelo Estado. E quantos escritórios de advogados continuam a gravitar, apesar do discurso de contenção, à volta deste Governo? Se vamos cortar, corte-se bem.”

Para terminar, António Galamba afirma que “a polémica dos colégios é para distrair de outro tipo de coisas, como a situação económica”.