É a confirmação da inversão de uma tendência a antiga. Uma equipa de cientistas do Reino Unido e dos Estados Unidos da América, liderada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (IMT), encontraram novas provas de que o buraco da camada de ozono está finalmente a diminuir e a “cicatrizar”. E tudo no espaço de 15 anos: se em 2000 o buraco do ozono tinha atingido o seu pico, de 25 milhões de quilómetros quadrados, em 2015 os novos dados recolhidos davam conta de uma diminuição de quatro milhões de quilómetros quadrados.
Uma área que, segundo a BBC, equivale quase ao tamanho de um país como a Índia. E a que se devem os progressos? Sobretudo à diminuição do uso de clorofluorcarbonetos e outros químicos que contribuem para a sua destruição, como refrigeradores e aerossóis, onde se incluem produtos como os desodorizantes de spray e as lacas.
“Mesmo que tenhamos conseguido travar, a partir do ano 2000, a produção de clorofluorcarbonetos em quase todos os países do mundo, incluindo a Índia e a China, continua a haver muito cloro na atmosfera”, sublinhou à BBC a geóloga Susan Solomon, que lidera a equipa de investigadores. Perante os resultados positivos, a expectativa da investigadora é otimista, mas moderada em relação à ideia de que em meados deste século a situação possa estar normalizada. “Não temos a esperança de ver uma recuperação completa da camada do ozono em 2050 ou 2060 mas começamos todos os anos a ver, em setembro, que o buraco da camada do ozono não está tão mau como costumava“, acrescenta.
“Podemos estar agora confiantes de que as coisas que fizemos colocaram o planeta no caminho para a cura”, afirma ainda Susan Solomon.
As medições são geralmente feitas em outubro, todos os anos, por ser a altura em que o buraco da camada de ozono atinge o seu pico máximo anual. Recentemente, contudo, Susan Solomon, que foi uma das primeiras cientistas a associar os clorofluorcarbonetos à destruição da camada do ozono, começou a analisar os dados um mês antes, em setembro. Isto porque as temperaturas ainda são baixas mas outros fatores, como o tempo, que podem influenciar a quantidade de ozono, são menos dominantes.
Em setembro do ano passado, a equipa de investigadores assustou-se com o facto de o buraco apresentar um pico anormal, que contrariava a tendência de diminuição dos anos anteriores, mas agora já se percebe porquê. Na origem dos resultados intrigantes esteve a intensa atividade vulcânica que se registou em 2015, nomeadamente com a erupção do vulcão Cabulco, no Chile. E esta foi outra descoberta recente. É que depois de uma erupção vulcânica, “o enxofre forma partículas minúsculas que se tornam as sementes das nuvens estratosféricas polares. E essas nuvens aumentam quando se verifica uma erupção vulcânica, sendo isso que leva a uma maior perda de ozono”, explica a investigadora.
Em 1987, mais de 150 países assinaram o protocolo de Montreal comprometendo-se a diminuir de forma significativa, ou mesmo a acabar, com o uso de clorofluorcarbonetos, de forma a proteger a camada do ozono. Passados quase 30 anos, os frutos começam a aparecer. A camada do ozono, que se localiza entre 10 a 50 quilómetros de altitude, tem efeitos não só nas alterações climáticas como também na saúde direta das populações, na medida em que funciona como filtro às radiações ultravioletas. Quanto maior é o buraco da camada do ozono, maior a probabilidade de aumentarem os casos de cancro da pele.