Francisco Louçã, economista português e anterior coordenador do Bloco de Esquerda, escreveu um artigo de opinião para o Diário de Notícias, publicado esta terça-feira, onde aborda o Brexit, as possíveis sanções a Portugal e um hipotético referendo sobre a permanência de Portugal na União Europeia.

Sobre à possibilidade de um referendo em Portugal, como sugerido por Catarina Martins no final da Convenção do Bloco, Francisco Louçã afirma que ” cada demonstração política da Comissão vai-nos relembrar como ele é incontornável“, porque mesmo que não sejam aplicadas sanções, estas certamente irão existir mais tarde.

Sobre as sanções, o economista considerou a eventual decisão de as aplicar como “absolutamente ilegal” já que a execução orçamental de 2013 a 2015 não pode ser julgada “em função de actos posteriores”. A decisão da Comissão sobre possíveis sanções a aplicar a Portugal e Espanha pelo défice excessivo deve ser conhecida esta terça-feira.

O anterior coordenador do BE lembra ainda que as instituições (Presidente da República e Governo) responderam “unidas”, mas que “a coisa está mais difícil” para a direita (PSD e CDS) – “os responsáveis pelos actos sancionados”.

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Comentando o Brexit, cujo resultado foi conhecido no passado dia 24 de junho, Louçã confessou não esperar um tremor “tão profundo” como resposta. O ex-coordenador do BE afirmou que o Reino Unido “sempre foi visto como uma extravagância no concerto europeu” e que como a economia britânica se encontra “protegida do euro” adivinhava-se uma “saída fácil e sem riscos de maior”.

No entanto essa saída não se adivinha tão fácil pois “a Comissão [Europeia] é um pandemónio e ninguém parece saber o que fazer agora”.

No mesmo artigo, Louçã apelida a União Europeia de “projeto falhado”, afirmando que para esse falhanço contribuíram “a forte hegemonia social” que levou os pobres a adorarem a União e a disporem-se a “pagar qualquer preço pelo ingresso”, a constitucionalização “dos capitais (e portanto desemprego permanente)” e a instituição de um regime punitivo “contra qualquer desvio da lógica da acumulação alemã”, e ainda a acentuação dentro da UE da “divergência” entre os Estados-membros.

“O risco da União não é o Reino Unido, é ela própria” afirma o economista para concluir a análise sobre os possíveis resultados do Brexit.