Nasceu a 8 de janeiro de 1935, em Tupelo, Mississippi. O seu irmão gémeo nasceu morto e Elvis seria o único filho de Vernon e Gladys Presley. A infância foi passada junto da família, em Tupelo, mas as dificuldades económicas levaram a família a procurar melhores condições em Memphis, Tennessee. E ainda bem. Porque, se por um lado o primeiro contacto com a música surgiu ainda no Mississippi, onde recebeu a sua primeira guitarra, foi em Memphis que contactou com o gospel, blues e R&B que viriam a influenciar a música do impulsionador do rock and roll.

O seu timbre único aliado aos ritmos frenéticos da música negra, coroaram Elvis como Rei do Rock. Morreu cedo demais, a 16 de janeiro de 1977, na mansão Graceland, em Memphis. Mas a sua influência deixou marcas que moldaram a música que ouvimos hoje. No dia em que marca 39 anos desde a sua morte, o jornal ABC explica a importância que Elvis Presley teve para os artistas que lhe sucederam.

Foi à música negra que o cantor foi buscar a matriz da sua obra. E nunca o negou. Se muitos o apontam como o inventor do género musical, Elvis é o primeiro a relembrar que antes dele já muitos o faziam. Chegou mesmo a homenagear nas suas canções Chuck Berry e Little Richard, que elogiou o trabalho do músico. Little Richard acredita que Elvis fez muito pelo género: “Foi um integrador. Elvis foi uma benção. Não deixavam passar música negra. Ele abriu a porta à música negra”. Afinal, ele foi a primeira grande estrela mundial; o primeiro fenómeno musical de massas.

Mas nem todos acreditam que o impacto da popularidade de Elvis foi positivo para a comunidade afro-americana. O grupo de hip hop Public Enemy, lançou no final dos anos 80, o tema “Fight the Power” que inclui uma passagem em que criticam o cantor. “Elvis foi um herói para a maioria, mas para mim não significou nada”. Chuck D., um dos membros do grupo disse que «respeito Elvis. (…) Mas os meus heróis são anteriores a ele. Não compro isso de “Elvis o Rei”.»

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Também Eminem identifica-se como o próximo Elvis no tema “Without me” quando diz que é “o pior desde Elvis Presley” por “fazer música negra tão egoisticamente e usá-la para tornar-se rico”.

A importância de Elvis para o paradigma racial nos Estados Unidos foi também mencionada por Bono, vocalista dos U2, que diz que “é como o Bing Bang do rock and roll. Há duas culturas colidem aqui. Uma branca, europeia, e uma africana; o ritmo da música negra e a melodia vocal da música branca”. A banda dedicou ao cantor o tema “Elvis Presley and America”.

Mas a grande maioria dos artistas que lhe seguiram reconhece que Elvis traçou o caminho para muitos deles e veem-no como um mentor. John Lennon admitiu que “se não fosse pelo Elvis, os Beatles não existiriam”, embora mais tarde venha a elencá-lo como uma das coisas em que não acredita no tema “God”. Também Paul McCartney explicou a influência que o Rei teve na sua formação “quando éramos crianças em Liverpool, tudo o que queríamos era ser como Elvis”. O vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, disse: “ninguém, mas ninguém, será igual. Elvis era e será superior. Não se deve subestimar o que assumiu”.

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Mas não era só no mundo do rock and roll que o cantor de Memphis era admirado. A sua influência atravessou fronteiras raciais, geográficas e até de géneros musicais. A estrela que popularizou o folk, Bob Dylan, elencou como ponto alto da sua carreira o momento em que a estrela de Memphis fez uma versão da sua canção “Tomorrow is a long time”. Dylan dedicou “Went to See the Gipsy” ao homem de Graceland. A mansão do cantor deu nome ao tema “Graceland” de Paul Simon, canção que cantou quando visitou a casa de Elvis. Antes disso, já Presley tinha feito uma versão do tema “Bridge Over Troubled Water” que Simon considerou que “estava um pouco dramatizada, mas quem sou eu para competir com isso?”

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Elton John considera que “se não fosse por Elvis, não sei o que teria sido da música popular”. Cantou a cidade natal do cantor no tema que escreveu em sua homenagem “Porch Swing in Tupelo”. A cidade do estado do Mississippi foi também cantada por Mark Knopfler para relembrar o músico que muitos acreditam ser de Memphis Tennesse. Foi também em “Tupelo” que Nick Cave se inspirou para homenagear Presley.

Um dos temas de maior sucesso da banda inglesa Depeche Mode, “Personal Jesus”, foi inspirado na relação entre Elvis e a sua mulher, Priscilla. Já o cantor Robbie Williams descreve a queda de uma estrela, a primeira a atingir a fama a nível mundial em “Advertising Space”.

Sobre o rei do rock, Madonna, a rainha da pop, diz simplesmente que é um “Deus”. Bruce Springsteen partilha a mesma visão e considera que “Elvis é tudo o que há. Não há nada mais. Tudo começa e acaba com ele. Ele escreveu o livro. Ele é tudo o que há que fazer e tudo o que não no negócio da música”.

Quando Elvis morreu, há 39 anos, Lana del Rey ainda nem era nascida, mas o músico é uma das grandes inspirações da cantora, que lhe dedicou o tema “Elvis”.

A marca do músico que inventou a fama sobrevive à passagem do tempo. Se muito da memória do Rei sobrevive graças ao mito de que voltará, das digressões a Graceland, e dos imitadores que invadem Las Vegas ou tantos outros sítios dos Estados Unidos, os movimentos endiabrados de “Elvis, the Pelvis” não fariam parte ainda hoje da memória coletiva se a sua música não tivesse revolucionado o mundo.