Os trabalhadores da Unicer decidiram esta sexta-feira, em plenário, dar à empresa 48 horas para se sentar à mesa das negociações e discutir a reivindicação dos aumentos salariais para este ano, segundo um dirigente sindical.

Em declarações à Lusa, Tiago Oliveira, da União de Sindicatos do Porto (USP), afirmou ter sido dado “um prazo de 48 horas à empresa para encetar negociações com o sindicato, no sentido de [se tentar] encerrar este processo de aumentos salariais para 2016 e, portanto, ficou o compromisso da empresa de, no prazo de 48 horas, avançar com estas reuniões com o sindicato”.

Por seu lado, fonte oficial da Unicer disse à Lusa que as negociações não chegaram a ser encerradas e que a empresa sempre manteve uma posição de diálogo com os sindicatos, postura que pretende continuar a assumir.

Tiago Oliveira reconheceu que “as negociações, da parte dos sindicatos, nunca estiveram encerradas” e que, aliás, já duram desde o final de 2015, altura em que foi apresentado o caderno reivindicativo e desde a qual têm decorrido negociações.

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No entanto, o elemento da USP, estrutura ligada à CGTP, referiu que o que se passou foi que a empresa disse “que em greve não negoceia com os sindicatos”, pelo que foi agora dado o prazo de 48 horas para que as conversações sejam retomadas.

Sobre as reivindicações, Tiago Oliveira recordou que há várias questões em cima da mesa, mas que “o que os trabalhadores exigem são aumentos salariais”, sublinhando que “uma empresa que em 2014 e 2015 distribuiu pelos seus acionistas 60 milhões de euros de lucros tem a obrigação de dar aumentos salariais aos trabalhadores”.

Questionado sobre o que pretendem fazer caso estas negociações não se concretizem, Tiago Oliveira declarou que “todas as hipóteses estão em cima da mesa”, incluindo “a possibilidade de se avançar com outro plenário para discutir formas de luta”.

No sábado, o dirigente sindical Francisco Figueiredo disse que a greve dos trabalhadores da Unicer estava a ter uma adesão “próxima dos 100%”.

No início de agosto, foi apresentado o pré-aviso de greve pelo Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab), afeto à CGTP, em defesa de “aumentos salariais dignos” e da “dignificação do trabalho” na Unicer, uma empresa produtora de cervejas e águas engarrafadas.

A paralisação dos trabalhadores começou na sexta-feira, entre as 06:00 e os 08:00 (últimas duas horas do último turno) e entre as 08:00 e as 10:00 (primeiras duas horas do primeiro turno), tendo a empresa feito “algumas tentativas de substituição dos trabalhadores”, disse Francisco Figueiredo, algo que a companhia rejeitou categoricamente.

A Unicer fechou 2014 com um aumento de vendas de 462,8 em 2013 para 476,8 milhões de euros e um crescimento dos lucros de 26,7 para 33 milhões de euros, num resultado por ação de 0,66 euros, acima dos 0,53 de 2013.