É um tema recorrente no que à restauração diz respeito: afinal há, ou não, preconceitos em relação aos restaurantes de hotel? Quando se pensa em almoçar ou jantar fora, consideram-se estes com a mesma seriedade que todos os outros? Se tal não acontece, a que se deve? Ao preço? Ao ambiente?
Não é fácil chegar a um consenso. Sabe-se que parte da classe política e empresarial do país continua a frequentar restaurantes como o Varanda do Ritz ou o Terraço, do Hotel Tivoli. E também se sabe que quando o restaurante é mesmo bom suprime a associação ao hotel — exemplo disto é o estrela Michelin Feitoria, que é quase sempre apenas o Feitoria e não o Feitoria do Altis Belém, a unidade hoteleira em que se insere. O mesmo acontece com o Fortaleza do Guincho.
Por outro lado, é frequente haver quem, por privilegiar ambientes descontraídos, cozinhas informais e preços acessíveis, opte por ignorar, à partida, toda a oferta de restauração nos hotéis. E também há quem não goste, pura e simplesmente, de ter de passar pelo lobby de um hotel para se sentar à mesa — daí haver tantos restaurantes deste género entradas independentes.
O Pineapple Week – Hotel à Mesa (o site deverá estar ativo durante a próxima semana) foi um evento criado pela Chefs Agency em boa parte para combater estas ideias feitas. E porquê Pineapple? Porque o ananás “representa a hospitalidade”, explica a agência em comunicado, o mesmo em que afirma que este “pretende envolver a restauração inserida em hotéis, criando notoriedade e reconhecimento através das diversas ações paralelas de dinamização durante os dez dias em que ocorre.” A primeira edição vai acontecer entre 29 de setembro e 9 de outubro e centra-se, para já, nos hotéis da Grande Lisboa.
Muito bem, abaixo os preconceitos. Mas como?
Um pouco à imagem do que acontece na Restaurant Week, evento em que uma série de restaurantes cria menus a 20€, democratizando-se assim, o acesso aos ditos, nesta Pineapple Week também serão criados menus especiais. Estes podem custar 25€, 35€ ou 45€, incluindo entrada, prato principal, sobremesa e café. Patrícia Dias, da Chefs Agency, explica que “a maioria dos participantes está a desenvolver menus específicos para o evento“. Nestes deverá constar um apontamento de ananás, por ser o símbolo do evento.
Mas nem tudo é sobre restaurantes. Diz a Chefs Agency que a “dinamização dos bares dos hotéis é também um dos objetivos do projeto.” Com esse intuito, foi criada a Pineapple Hour que, apesar do nome, não é só uma hora, são duas: entre as 17h30 e as 19h30, no lobby dos hotéis participantes será dinamizado um serviço conjunto entre o bar e o restaurante, onde ambos fazem uma demonstração da sua carta em pequenas doses. Ao mesmo tempo, cada bar vai apresentar um cocktail com ananás a um preço simpático. Ou, pelo menos, mais simpático que o habitual.
Quem participa?
A lista final de restaurantes ainda está a ser fechada. O objetivo da organização é, par esta primeira edição, é conseguir 30 participantes. Entre os que já confirmaram presença contam-se os restaurantes como o Panorama (Sheraton Lisboa), Lisboeta (Pousada de Lisboa), Fábrica de Santiago (Santiago de Alfama), Sítio (Hotel Valverde) ou o Rocca (Hotel Quinta da Marinha). Isto só para enumerar meia dúzia. Quando a lista estiver fechada, as reservas poderão ser feitas através da plataforma Zomato ou diretamente com os hotéis.
Se tudo correr como esperam os responsáveis, esta Pineapple Week deverá ter duas edições por ano, na primavera e outono. Mais, a intenção é, contam, “alargar a nível nacional”. Com prudência, no entanto, como explica Patrícia Dias: “Queremos ter uma relação próxima com os restaurantes e marcas que estão envolvidas, dinamizar a mecânica do evento, para que tudo seja eficaz. Provavelmente nas próximas edições vamos alargar a outras regiões, como o Porto ou Alentejo ou Algarve e só depois passará a ter âmbito nacional.“