É a melhor altura do ano para ver televisão. Porque é nas próximas semanas que acontecem muitos regressos e — sobretudos — estreias. As grandes produtoras e os principais canais desta competição que divide as coisas da ficção em episódios sabem que tudo isto vale cada vez mais e colecciona um número sempre crescente de fãs. As novas apostas vêm aí. Fizemos uma seleção, para ficarmos atentos às estreias em Portugal. Vamos a isso.
Comédia
“Atlanta”
FX, 6 de Setembro
O cómico de stand-up Donald Glover, que foi actor em “Community” e argumentista em “30 Rock”, fez sketches com Derrick Comedy, uma das primeiras trupes do género a aparecer no YouTube, e é rapper como Childish Gambino. É ele o criador e protagonista desta série meio cómica, meio dramática. Glover faz de Earn, um agente de artistas que quer transformar o primo rapper, Paper Boi (Brian Tyree Henry), em estrela na cena hip hop de Atlanta. Segundo críticas de quem já viu, é bastante diferente do resto que Glover fez até agora.
https://www.youtube.com/watch?v=MpEdJ-mmTlY
“Better Things”
FX, 8 de Setembro
Pamela Adlon, que tem um vasto currículo na televisão e no cinema e já trabalhou com Louie C.K.. É, portanto, natural que C.K. tenha co-criado esta série com ela, além de ter realizado o primeiro episódio, apesar de não ser uma presença em frente das câmaras. Adlon faz o papel de Sam Fox, uma actriz divorciada que está a criar três filhas, sem tempo para muito mais. A julgar pelo trailer, é honesta, profunda e inteligentemente obscena sem ser vulgar.
https://www.youtube.com/watch?v=UivyT8nZVx8
“One Mississippi”
Amazon, 9 de Setembro
Em 2012, a cómica de stand-up Tig Notaro foi diagnosticada com cancro da mama. Nos quatro meses anteriores, tinha tido pneumonia, a mãe morrera e a sua namorada tinha acabado a relação. Ou seja, um ano em cheio. Logo a seguir ao diagnóstico, subiu ao palco do Largo, um clube em Los Angeles, e improvisou um brilhante set de stand-up editado como álbum, Live. O que é que esta história, transformada em documentário (“Tig”), tem a ver com “One Mississippi”? É que esta série da Amazon co-criada por ela e pela oscarizada guionista Diablo Cody – e com produção executiva de Louis C.K. – é meio autobiográfica. Tig faz o papel de uma mulher com o mesmo nome, que regressa à cidade onde nasceu após a morte da mãe.
“The Good Place”
NBC, 19 de Setembro
Michael Schur, que co-criou as fantásticas “Parks and Recreation” e “Brooklyn Nine-Nine” depois de anos a trabalhar na versão americana de “The Office”, é o responsável por esta série. Kristen Bell (de “Veronica Mars”) é Eleanor, uma mulher que descobre que morreu. É recebida por Michael (Ted Danson), anfitrião de um “bom sítio”, uma espécie de paraíso para onde Kristen foi por ter praticado boas acções. O problema? É que Eleanor tem quase a certeza de que a estão a confundir com outra pessoa.
“Speechless”
ABC, 21 de Setembro
Minnie Driver é a protagonista desta série cómica sobre uma família com um filho com paralisia cerebral que está sempre a mudar de casa. A personagem é interpretada por alguém que sofre desse transtorno na vida real, Micah Fowler. A doença nunca é tratada como uma piada fácil e básica. É uma criação de Scott Silveri, que escreveu para “Friends” (e é creditado como co-criador de “Joey”) e foi responsável por “Go On”, a sitcom com Matthew Perry.
https://www.youtube.com/watch?v=4u55WK6AbaM
“Easy”
Netflix, 23 de Setembro
Nos últimos anos, têm aparecido séries dramáticas de antologia, como “Fargo”, “American Horror Story” ou “True Detective”, em que cada temporada conta uma história diferente, geralmente com personagens e actores distintos. “Easy” segue esta escola mas com humor, algo que ocorre menos. É uma criação de Joe Swanberg, realizador que integrou o chamado mumblecore, um género de filmes independentes largamente improvisados e naturalistas, que gerou estrelas como Greta Gerwig (com quem Swanberg trabalhou) ou os irmãos Duplass. Nos últimos anos, com filmes como “Drinking Buddies”, Swanberg tem-se aproximado cada vez mais do mainstream, com actores cada vez mais conhecidos nas suas produções (além de realizar episódios de séries como “Looking”, da HBO, e “Love”, da Netflix). O elenco dos oito episódios de meia hora cada inclui gente como Orlando Bloom, Emily Ratajkowski ou Marc Maron.
“Divorce”
HBO, 9 de Outubro — TV Séries às 03h00 (depois, quintas às 22h30)
Durante anos, Sarah Jessica Parker fez de Carrie Bradshaw em “Sexo e a Cidade”. Agora, a actriz está de volta à HBO, a mesma casa-mãe dessa série, para esta série saída da cabeça da hilariante actriz cómica britânica Sharon Horgan, também responsável por programas brilhantes como “Pulling” e “Catastrophe”, que agora se estreia aos comandos de algo na televisão americana. Também com Thomas Haden Church, Molly Shannon e Jemaine Clement (de Flight of the Conchords), a série gira à volta de uma mulher cujo casamento está a desmoronar-se e percebe que quer divorciar-se do marido, mas tem dificuldade em recomeçar a vida de novo.
“Insecure”
HBO, 9 de Outubro — TVSéries às 03h30 (depois quintas às 23h)
Em 2011, Issa Rae criou e protagonizou a série web “The Misadventures of Awkward Black Girl”, sobre o desconforto gerado pelas interacções do dia-a-dia. O sucesso abriu-lhe várias portas, como aparecer na lista de “30 com menos de 30” no campo do entretenimento da revista Forbes, em 2012. “Insecure”, que Rae e o veterano Larry Wilmore criaram para a HBO, é reflexo disso. É sobre a amizade entre duas mulheres afro-americanas e a forma como se relacionam uma com a outra e navegam entre duas culturas diferentes.
“Haters Back Off”
Netflix, 14 de Outubro
Desde 2008 que Colleen Ballinger faz, no YouTube, uma personagem chamada Miranda Sings, uma aspirante a cantora (e modelo e mágica e dançarina) sem talento e muito narcisismo. Este ano, não só o seu canal chegou às mil milhões de visualizações como se estreará uma série da Netflix centrada na personagem. Co-criada por Ballinger e o irmão e a dupla de Perry Rein e Gigi McCreery, que escreveu para “Friends”, a série inclui no elenco Angela Kinsey, do “The Office” americano, e Steve Little, de “Eastbound and Down”.
Drama
“Queen Sugar”
OWN, 6 de Setembro
Baseada no romance homónimo de Natalie Baszile, esta série é uma criação de Ava DuVernay, a realizadora de “Selma”, o filme sobre a marcha de Martin Luther King Jr. em 1965, e conta com o apoio de Oprah Winfrey. É sobre três irmãos que, após uma tragédia, voltam a reunir-se para tomar conta da quinta da família, onde cultivam cana-de-açúcar, sem saberem bem o que fazer. Todos os episódios serão realizados por mulheres.
“Quarry”
HBO/TVSéries, 8 de Setembro
Em 1976, o escritor Max Allan Collins começou a escrever uma série de livros sobre um franco-atirador dos fuzileiros que, ao regressar a casa vindo da Guerra do Vietname, não vê outra hipótese a não ser transformar-se em assassino profissional. Passados 30 anos, a saga deu origem a uma série passada em Memphis, no Tennessee, com Logan Marshall-Green (“24” e “The O.C.”) no papel principal. A série tem já estreia marcada em Portugal, via TVSéries: na própria madrugada em que arranca nos Estados Unidos, às 3 da manhã, sendo que passa depois em horário nobre no dia seguinte, às 22h45.
https://www.youtube.com/watch?v=mnyKD2r70K8
“Chance”
10 de Outubro, Hulu
Sim, em “Chance”, Hugh Laurie, que durante anos foi o médico protagonista de “House”, faz de um neuropsiquiatra forense chamado Eldon Chance. Sim, outra vez médico e outra vez com o apelido no título da série. “Chance”, que também conta com Gretchen Mol, Lisa Gay Hamilton e Clarke Peters no elenco, é um thriller muito mais tenso e sério, passado em São Francisco. Foi co-criado por Kem Nunn, um surfista transformado em escritor, guionista que trabalhou em “Deadwood”, a partir do seu livro homónimo de 2014, com a ajuda de Alexandra Cunningham, dramaturga que trabalhou em “Donas de Casa Desesperadas”.
https://www.youtube.com/watch?v=TIPRjWN8hcg
“Goliath”
Amazon, 14 de Outubro
Esta não é a primeira vez que David E. Kelley se aventura pelos tribunais em televisão. Afinal de contas, o argumentista e produtor foi responsável por “Causa Justa”, “Ally McBeal”, “Boston Legal”, “Picket Fences” e “Harry’s Law” (em termos de hospitais, também fez “Chicago Hope”, e em termos de liceus, criou “Boston Public”). Mas, desiludido com o estado actual da televisão generalista americana, é a primeira vez que faz algo para um serviço de streaming, neste caso a Amazon, sem as restrições habituais. E, para esta estreia sobre um advogado que tenta redimir-se e encontrar justiça num sistema legal que só beneficia os ricos e poderosos, o criador tem acesso a um elenco de luxo, pessoas que não se vêem todos os dias na televisão, como Billy Bob Thornton, William Hurt, Olivia Thirlby, Maria Bello ou Jason Ritter.
“The Crown”
Netflix, 4 de Novembro
Com um orçamento de 156 milhões de dólares, esta é, segundo consta a série mais cara de sempre da Netflix – há que lembrar que, ainda no mês passado, se dizia o mesmo de “The Get Down” e a Netflix não é muito transparente a este respeito. É, também, a primeira série que fazem no Reino Unido. Criada por Peter Morgan, é um drama de época sobre a vida da Rainha Isabel II. Morgan tem experiência neste campo: foi ele quem escreveu “A Rainha”, o filme de Stephen Frears com Helen Mirren. A série arranca em 1947, ano do casamento de Isabel com Filipe, o Duque de Edimburgo, prologando-se até aos dias hoje. A primeira temporada consiste em dez episódios de uma hora cada, e a ideia é chegar às seis épocas.
“Gilmore Girls: A Year in the Life”
Netflix, 25 de Novembro
Quase dez anos depois, a série de culto “Gilmore Girls”, que durou de 2000 a 2007, está de volta, agora à Netflix, como aconteceu com séries como “Full House”. A criação de Amy Sherman-Palladino sobre Lorelai e Rory Gilmore, a dupla de mãe e filha interpretada por Lauren Graham e Alexis Bledel, volta sob o formato de minissérie dividida em quatro episódios, cada um focado numa estação do mesmo ano. Não é assim tão pouco quanto parece à primeira: cada um deles dura 90 minutos. Quase todo o elenco original regressa. Até Melissa McCarthy, hoje bem sucedida estrela de cinema.
https://www.youtube.com/watch?v=fTnU5MG5Edw
Sobrenatural/superheróis
“Marvel’s Luke Cage”
Netflix, 30 de Setembro
Depois de duas temporadas de “Daredevil” e de “Jessica Jones”, chega à Netflix “Luke Cage”, centrada na personagem homónima, herói indestrutível interpretado por Mike Colter. Criada por Cheo Hodari Coker, que escreveu para “Southland” e “Ray Donovan” e foi o responsável pelo guião de “Notorious”, o biopic de Notorious B.I.G., promete vir recheada de hip-hop: cada episódio tem o nome de uma canção de GangStarr, o mítico duo de rap de Guru e DJ Premier, e o supervisor musical é Ali Shaheed Muhammad, o DJ de A Tribe Called Quest e Lucy Pearl, e nos vídeos já lançados a banda sonora inclui clássicos como “Shimmy Shimmy Ya”, de Ol’ Dirty Bastard, “Made You Look”, de Nas, ou “Bring da Ruckus”, de Wu-Tang Clan.
https://www.youtube.com/watch?v=ytkjQvSk2VA
“Westworld”
HBO/TVSéries, 2 de Outubro
É compreensível pensar-se que adaptações televisivas de filmes não funcionam, mas há uns quantos exemplos de sucesso, de “M*A*S*H” à recente “Fargo”. “Westworld” chega com o selo de qualidade da HBO e é feita a partir do filme com Yul Brenner, escrito e realizado por Michael Crichton, de cuja cabeça também saiu “Parque Jurássico” e “Serviço de Urgência”, por exemplo. A transposição para televisão da história de um parque temático inspirado no Velho Oeste com robôs que começam a matar pessoas é da responsabilidade de Jonathan Nolan, irmão e colaborador frequente do realizador Christopher, além de criador de “Person of Interest”. E vem com um elenco recheado de gente que raramente se mete em empreitadas destas, como Anthony Hopkins e Ed Harris, além de Evan Rachel Wood, Thandie Newton, James Marsden, Tessa Thompson, Rodrigo Santoro ou Luke Hemsworth.
“Timeless”
NBC, 3 de Outubro
Shawn Ryan, o criador de “The Shield”, e Eric Kirpke, o criador de “Sobrenatural”, juntaram-se para fazer esta série sobre um criminoso que rouba uma máquina do tempo para mudar eventos importantes e alterar a História americana. Com Goran Višnjić, de “Serviço de Urgência”, e Abigal Spencer, de “Rectify” — esta é a professora de História que lidera a equipa que o quer travar. A ideia, segundo Ryan, é analisar o passado através de perspectivas pouco vistas ou exploradas. Pelo trailer, pode não ter muito bom ar, mas o currículo da equipa criativa deixa antever algo especial.
https://www.youtube.com/watch?v=4glJzvUunOE