O novo presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António Domingues, é ouvido esta terça-feira no parlamento na comissão de inquérito sobre o banco público, audição imposta potestativamente no começo do mês pelo CDS-PP.

A audição de António Domingues, agendada para as 15h de terça-feira, é a única prevista nesta fase na comissão de inquérito, numa fase em que os deputados aguardam ainda a chegada de documentos de várias entidades e numa altura em que se soube que a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a existência de um inquérito no qual “se investigam factos relacionados com a CGD”, sem precisar qual o período abrangido.

A 07 de setembro o CDS propôs a audição do novo presidente da CGD na comissão parlamentar de inquérito ao banco público e, face à recusa dos partidos de esquerda, usou o seu direito potestativo para impor esta presença.

“O CDS propôs a audição do recém-empossado presidente da CGD. Houve um entendimento divergente da maioria parlamentar que sujeitou a matéria a votação e chumbou a audição de António Domingues. Assim, o CDS exerceu o seu direito potestativo para ouvir já António Domingues”, revelou então aos jornalistas o deputado do CDS João Almeida.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O responsável falava no final de uma reunião da mesa e dos coordenadores dos grupos parlamentares nesta comissão de inquérito, informando que o chumbo de PS, Bloco de Esquerda e PCP se deveu ao entendimento de que a audição de António Domingues fica “fora do objeto da audição”, mas na ótica do CDS “está dentro” e é uma audição “muito pertinente”.

Segundo informações avançadas pela imprensa na sexta-feira, o inquérito da PGR terá sido aberto por suspeitas de prática de gestão danosa entre os anos de 2000 a 2015.

O jornal Correio da Manhã noticiou que a investigação foi iniciada no princípio do ano, citando um ofício da PGR enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à CGD, que terá dado entrada na Assembleia da República a 15 de setembro passado, comunicando “a investigação do eventual crime de administração danosa”.

A comissão de inquérito está a avaliar a gestão do banco entre 2000 e 2015, período durante o qual passaram pela administração figuras como António de Sousa, Luís Mira Amaral, Vítor Martins, Carlos Santos Ferreira, Armando Vara, Fernando Faria de Oliveira e José de Matos.

O Correio da Manhã refere que estão a ser analisadas as razões que justificam a necessidade de recapitalização pública da CGD e que deverão ser passados “a pente fino os empréstimos que estão em risco de incumprimento”.

O banco possui 2,3 mil milhões de euros em risco por empréstimos concedidos sem garantias.