Portugal está num “círculo vicioso” de dívida elevada, crescimento baixo e reformas interrompidas, diz a agência de rating DBRS. É neste contexto que a agência de rating, que dia 21 de outubro decide sobre a notação de risco de Portugal, diz que não está “em pânico” mas está “preocupada com Portugal no médio prazo“.
As declarações, prestadas ao Financial Times, surgem alguns dias depois de o mesmo responsável da DBRS, Fergus McCormick, ter feito — à agência Bloomberg — um retrato em que encontra duas coisas más e uma boa em Portugal. A “boa” é a estabilidade governativa, que era algo que causou algumas dúvidas na agência de rating no início da governação de António Costa.
No texto do Financial Times, a estabilidade governativa não aparece destacada mas, sim, a ideia de que o governo está a marcar passo nas reformas. Esse facto, aliado à recente subida das taxas de juro apesar das compras do BCE e a desaceleração da economia, coloca “pressão negativa” sobre o rating.
A DBRS tem dado várias entrevistas antes de se fechar em copas para a decisão sobre o rating. No início da semana, a agência disse que, “infelizmente”, as taxas de juro têm vindo a subir, portanto o custo que o país paga para se financiar tem aumentado”, afirma o especialista.
Num Estado muito endividado e que precisa de ir substituindo emissões antigas (mais onerosas) por nova dívida com custos mais baixos, seria importante pagar menos juros pela dívida. Neste momento, os juros no prazo de referência de 10 anos rondam os 3,4%, em linha com o custo global médio do stock de dívida pública. Para haver uma redução gradual desse custo médio, seria, portanto, importante que as emissões estivessem a ser feitas a um custo mais baixo — Espanha está a financiar-se a menos de 0,9% a 10 anos.
O que não é um fator relevante para a DBRS — relevante no sentido de afetar de forma significativa a decisão de 21 de outubro — é a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Para a agência de rating canadiana, esse foi um acontecimento “não recorrente” que não irá ter influência na decisão. De qualquer forma, o economista diz que “é uma boa ideia tentar resolver os problemas no setor bancário, mas a verdade é que eles [Portugal] têm um fardo de dívida muito grande e estão muito expostos a choques. Isso é algo que nos preocupa”.