Pedro Passos Coelho admitiu a possibilidade de em breve vir a apresentar alterações ao Orçamento do Estado, ao garantir que o partido que lidera vai “definir, com clareza, que espaço é que pode existir” para apresentar “propostas dentro deste orçamento”. Há um ano, aquando do primeiro orçamento enquanto líder da oposição, o PSD ficou à margem do debate.

Em entrevista ao jornal público, o presidente do PSD dá também a entender que António Costa nunca baixará os impostos. Na edição impressa de esta sexta-feira, Passos Coelho acusa o atual primeiro-ministro de estar a “substituir uma austeridade de emergência por uma austeridade permanente” dados os impostos que “vêm para ficar”.

Para Pedro Passos Coelho o país já saiu da emergência — que considera ser um estado em que existem necessidades para as quais não há recursos –, pelo que não compreende “o aumento generalizado de impostos”:

O país precisava, nesta fase, de ter uma redução do défice que não fosse pressionada pela necessidade de aumentos generalizados de impostos, nem de redução forçada do investimento público, como está a acontecer.

(…)

Em 2013 o país ainda estava em recessão. Nós hoje não estamos em recessão, o país está a crescer, está a caminho da normalização, pelo menos é o que o primeiro-ministro vem dizendo repetidamente: a austeridade acabou. Então por que é que estamos a fazer um aumento generalizado dos impostos?

Falando sobre o Orçamento do Estado apresentado há precisamente uma semana, Passos Coelho aponta o dedo e afirma que este “é um mau orçamento”, dizendo ainda não concordar que o OE seja sempre feito pelos governos como um instrumento de sobrevivência.

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E apesar de considerar a atuação do Governo face aos problemas financeiros do país de “desastrosa”, Passos diz preferir que o Governo cumpra o défice, “mesmo com medidas extras”.

Acho que o Governo foi desastroso a lidar com os problemas do sistema financeiro. Desastroso. Em primeiro lugar, porque mal entrou em funções permitiu, lidando incorretamente com a situação, que se gerasse um problema com o Banif que teve consequências para o sistema financeiro e para o Estado português”, acusou Passos Coelho.

Passos argumenta no decorrer da entrevista que o Estado está sem dinheiro e, por isso, a prestar um mau serviço sem sustentabilidade à vista:

O Governo, simplesmente, está a impor uma poupança forçada aos serviços — e isso significa que, das estradas aos hospitais, até às escolas e prisões, o Estado está sem dinheiro e está a prestar um mau serviço que não é sustentável para futuro.

De referir que esta sexta-feira o líder do PSD estará na Assembleia para discutir com os deputados da bancada laranja a estratégia para discutir o Orçamento do Estado.