Um ano depois do debate “collants opacos, sim ou não?” acender um dos velhos dilemas da moda, as meias contra-atacam. Opacas, aos losangos, com efeitos, às cores. O acessório tido como faux pas de qualquer conjunto elegante — ao ponto de a editora de moda do El Mundo dizer, numa noite de oito graus em fevereiro, que a única coisa a usar para uma festa são “pernas ao léu e creme hidratante” — é este outono uma peça statement.
De malha em Prada, rendados em Burberry, creme em Valentino e vermelhos, amarelos e roxos em Gucci — os collants que se viram nas passerelles esta estação provam que são tudo menos a “tia chata” (expressão do Telegraph) do roupeiro. Num artigo dedicado a este acessório, o jornal britânico defende mesmo que há sete — sete — tipos de collants a usar neste inverno: opacos (é o fim da polémica), de malha (acabou-se o frio), cor de pele (para as mais resistentes), com efeitos (às bolinhas, de renda e até mesmo de rede), pretos semi-transparentes (para deixar adivinhar um pouco das pernas), coloridos (mas não loucos, ou seja, no mesmo tom da roupa, como em Gucci e Valentino) e modeladores (anti-celulite, push up, etc.).
Há um ano o discurso não podia ser mais diferente, com o também britânico The Guardian a resumir a “pergunta de um milhão de dólares” — quando é socialmente aceitável usar collants opacos? — e a lembrar as fashionistas que têm como código de honra nunca, mas nunca usar meias — nem mesmo sob as temperaturas negativas de Manhattan.
Para elas, para nós e para as friorentas, fica a notícia mais funcional do ano. E não é o fim do mundo em cuecas, é só o inverno em collants.