A Área Metropolitana do Porto (AMP) também pretende contratualizar com o Governo a instalação de sistemas de videovigilância nos espaços florestais para prevenir e detetar incêndios no território, que no verão foi muito fustigado pelo fogo.

O tema foi levado esta sexta-feira à reunião ordinária do Conselho Metropolitano do Porto (CmP) a pedido do presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, que considerou que esta “é uma matéria que merece” o empenho da AMP, nomeadamente sabendo-se que dez comunidades intermunicipais e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) já contratualizaram a colocação dos sistemas.

Lino Ferreira, da comissão executiva do CmP, referiu ter sido já enviado um ofício ao chefe de gabinete do secretário de Estado da Administração Interna para demonstrar a disponibilidade da AMP em celebrar um protocolo e candidatar a fundos comunitários a instalação da videovigilância, mas até ao momento “ainda não houve resposta” do Governo.

O autarca de Valongo disse ter sido “surpreendido” com a notícia das contratualizações com dez comunidades intermunicipais e com a AML, afirmando que “ou os comandos distritais de operações e socorro [do Porto e de Aveiro] já têm” sistemas destes ou semelhantes, ou o assunto “passou ao lado” dos responsáveis da AMP, sendo necessário fazer agora alguma coisa.

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O presidente da Câmara de Arouca, Artur Neves, município que este verão foi muito fustigado pelos incêndios, considerou que este sistema de videovigilância é, no seu território, “algo para enganar”, admitindo porém que “com um sistema de rede de vigilância a videovigilância pode ter eficácia” no combate aos fogos.

No dia 10, o gabinete do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, revelou que o Governo prevê instalar, a partir de 2017, sistemas de videovigilância nas florestas para prevenir e detetar incêndios.

Os sistemas vão ser instalados pelas comunidades intermunicipais e pela GNR, num investimento com um valor estimado em cerca de sete milhões de euros, sendo que dez CIM e a AML já contratualizaram a colocação dos mesmos, assegurando a cobertura de 50% do território nacional.

De acordo com dados da Autoridade Nacional de Proteção Civil revelados no início de setembro, o distrito do Porto foi o que registou o maior número de incêndios entre 1 de janeiro e 31 de agosto, mas a área ardida atingiu valores mais significativos no distrito de Aveiro, sendo Arouca e Águeda os concelhos mais prejudicados pelos fogos.

O autarca de Arouca, distrito de Aveiro, destacou o projeto “Deteção de incêndios florestais com radar meteorológico” que um grupo de alunos da escola secundária local desenvolveu e que “permite detetar uma ignição em tempo real”.

Este projeto, já premiado, disse, permite obter uma informação “absolutamente fidedigna” quanto à ignição de um fogo numa distância até 200 quilómetros do radar meteorológico, inaugurado em fevereiro de 2015 no Pico do Gralheiro, na serra da Freita, em Arouca.