Emagrecer, engordar, emagrecer e engordar, o difícil é manter. Mas porque é tão difícil emagrecer e não voltar a engordar outra vez? Um novo estudo, publicado esta quinta-feira na revista científica Nature, avança uma explicação possível: depois de uma dieta rigorosa persiste uma assinatura microbiótica no intestino que deixa uma espécie de “memória” na flora intestinal. Poderá ser isto, concluem os autores, que contribui para desregular o metabolismo e acelerar a recuperação de peso. Pelo menos foi assim com os ratos de laboratório a que os testes foram aplicados.

É a chamada dieta ioiô, mas talvez não seja apenas culpa da pessoa que, por fraqueza, volta a incorrer em maus hábitos alimentares e, consequentemente, volta a engordar. Afinal a obesidade pode mesmo deixar bactérias na flora intestinal que tendem a resistir cinco vezes mais do que no período em que dura a dieta, o que torna o indivíduo (neste caso o rato de laboratório) mais predisposto a recuperar o peso perdido.

De acordo com Eran Elinav, imunologista do Instituto Weizmann de Israel e um dos autores do estudo, se a descoberta feita ao nível dos animais de laboratório for replicada para as pessoas pode ajudar a desenvolver métodos mais eficazes de perda efetiva de peso e no controlo da obesidade. “Isto pode explicar muitas das falhas das dietas para perder peso”, disse, citado pelo jornal britânico The Guardian. Ao mesmo jornal, um médico investigador do Imperial College London, Simon Cook, identifica o presente estudo como o primeiro a conseguir mostrar como as bactérias intestinais, não só estão relacionadas com o peso, como podem estar na origem dos fatores que provocam ganhos de peso. Mesmo que desempenhem apenas uma “pequena parte” nessa tarefa.

Como se comportaram os ratos testados? Primeiro foram sujeitos a uma dieta rica em gordura, depois mudaram para uma dieta equilibrada e saudável, juntando-os com outros que não foram sujeitos a estas oscilações alimentares. E a conclusão foi de que aqueles que tinham estado mais gordos anteriormente retinham mais bactérias intestinais que os tornava mais predispostos a aumentar o peso quando sujeitos novamente a uma dieta gorda. E quando as bactérias do grupo de obesos foram colocadas nos intestinos dos ratos que não tinham sido sujeitos a qualquer dieta verificou-se que também esses ficaram mais predispostos a engordar mais rapidamente.

Trata-se, no fundo, de alterações no metabolismo desencadeadas pelas bactérias intestinais, que provam que as bactérias, nestes casos de dietas ioiô convertem mais rapidamente energia em gordura. Segundo o Guardian, 80% dos casos em que as pessoas que sofrem de obesidade se sujeitam a uma dieta de perda de peso voltam a recuperar o peso no espaço de um ano.

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