“Sobrevivi porque segui os procedimentos de segurança”. Um dia depois de ter sobrevivido, junto com outras cinco pessoas, ao acidente de avião da companhia aérea Lamia, que matou 71 passageiros, o técnico de aeronáutica que seguia a bordo conta que foi o cumprimentos das normas de segurança que lhe salvou a vida.
Perante aquela situação, muitas pessoas levantaram-se dos seus lugares e começaram a gritar. Eu pus as malas entre as pernas para colocar-me na posição fetal que se recomenda adotar em caso de acidente”, referiu aos jornalistas o colombiano Erwin Tumiriri.
Antes, já a assistente de bordo Ximena Suárez — ainda internada depois de ter sofrido ferimentos na sequência no acidente — tinha relatado de forma bastante sucinta os últimos segundos antes do embate. “As luzes apagaram-se e não me lembro de mais nada”, disse Suárez a Victoria Eugenia Ramírez, membro do Governo colombiano, que depois partilhou o testemunho com a comunicação social.
Ainda sem terem sido apuradas com rigor as causas do acidente com o avião Avro Regional RJ85, as hipóteses avançadas até ao momento apontam para uma falha elétrica do aparelho. Outro cenário colocado em cima da mesa baseava-se num cenário de eventual perda inesperada de combustível por parte do avião.
O relato do piloto de outra companhia aérea, que voava próximo ao avião da Lamia, reforça a tese de falta de combustível seguida de uma falha elétrica. O piloto recordou o pedido de ajuda feito pelo comandante do Avro Regional RJ85 à torre de controlo, que pode escutar em direto.
Estamos com uma grande falha elétrica, temos uma grande falha elétrica. Ajude-nos a achar pousar”, terá referido, nos momentos finais do voo, o comandante do avião que transportava a equipa de futebol Chapecoense, jornalistas e outros passageiros e tripulantes.
De seguida, o piloto terá solicitado autorização imediata para aterrar, mas o pedido foi negado por, nesse mesmo momento, decorrer uma aterragem de emergência com um avião da VivaColômbia, uma companhia low cost colombiana.
Segundo a investigação ao acidente, o avião tinha autonomia para 4h30 de viagens e os dois pontos do voo obrigavam a uma viagem de 4h15. O evento, inesperada, de um outro aparelho que já estava a realizar uma aterragem de emergência terá esgotado a margem mínima com que o aparelho da Lamia chegou à Bolívia, levando o aparelho a ficar sem combustível, depois de várias voltas sobre a pista de destino.