Milhares de pessoas manifestaram-se este domingo no centro de Madrid contra a política laboral do Governo de Mariano Rajoy, que acusam ter, nos últimos anos, piorado os direitos sociais dos trabalhadores espanhóis.

“Esperamos que esta manifestação marque o início de um movimento que, a pouco e pouco, vai crescer, contra a política de direita deste Governo”, disse Agostín Martin, dirigente das Comisiones Obreras à agência Lusa.

O sindicalista reconheceu que esperava uma maior mobilização dos trabalhadores, mas explicou que no início da segunda legislatura do Governo do Partido Popular (direita) “as pessoas ainda não estão mobilizadas”.

A CCOO (Confederação Sindical das “Comisiones Obreras”, historicamente ligada ao Partido Comunista), e a UGT (União Geral de Trabalhadores, ligada ao PSOE), convocaram este protesto que culmina mais de 60 concentrações e manifestações que tiveram lugar desde quinta-feira nas principais cidades regionais de Espanha.

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“Estamos aqui a reivindicar mais emprego de qualidade, salários dignos e pensões sustentáveis”, disse Armando Garcia, ao mesmo tempo que gritava “os empresários ganham, os trabalhadores pagam” e “menos ganância, mais qualidade”.

Os sindicatos pretendem recuperar direitos que afirmam ter perdido durante os anos de austeridade da primeira legislatura de Rajoy (2011-2015) e criticam os limites que este impôs ao diálogo social: não-reversão das reformas estruturais e cumprimento dos limites para o défice orçamental negociados com a Comissão Europeia.

“Os trabalhadores agora são obrigados a trabalhar mais horas com um salário menor e recebem menos em caso de despedimento”, queixava-se Rosa Coello à Lusa, acrescentando que “muitas pessoas têm dois empregos para poder sobreviver”.

Com o lema “As pessoas e os seus direitos em primeiro lugar. Defende-os”, os manifestantes empunhavam cartazes a dizer “a economia podre vai-nos converter em chineses”, “não aos cortes”, “em defesa do setor público” e “pela redistribuição da riqueza”, entre outros.

Os secretários-gerais da CCOO e da UGT, respetivamente Ignacio Fernández Toxo e Pepe Álvarez, estiveram à cabeça da manifestação, que contou com o apoio do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e da coligação Unidos Podemos (extrema-esquerda).

As duas confederações consideram ter chegado o momento para recuperar direitos sociais e laborais perdidos e exigir que o crescimento económico sirva para mudar a situação dos trabalhadores.

O porta-voz da comissão de gestão que dirige o PSOE, Mario Jiménez, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, e o da Esquerda Unida (comunista), Alberto Garzón, acompanharam a manifestação.