Passos Coelho começa o ano como acabou o último: a pedir ao Governo uma “abordagem realista” que permita “enterrar as políticas de reversão”, que acredita que podem “sair demasiado caro” ao país. No dia em que o PSD lançou o primeiro número de uma newsletter diária, Passos adverte num artigo exclusivo que o país “voltou a uma fase de maior vulnerabilidade que nos fragiliza perante choques externos.” Para o líder do PSD foi, precisamente, o equilíbrio da “geringonça” que tornou o país mais vulnerável a nível externo.
Passos denuncia assim que neste primeiro ano de Governo de António Costa a “agenda nacional esteve mais voltada para o cumprimento dos equilíbrios internos da maioria de Governo do que para a prevenção de riscos futuros“, acrescentando que a “a atenção dada à agenda interna implicou uma diminuição da nossa resiliência externa.”
Para o líder do PSD a abordagem “realista” que o partido propõe — ao invés do “otimismo” ou do “pessimismo” — teria permitido “aproveitar melhor algumas vantagens da envolvente macroeconómica europeia e global e de aumentar a sua resiliência às incertezas políticas externas.” Ora, no entender de Passos, “em ambos os casos, o tempo começa a não estar tanto a nosso favor como já esteve.”
Passos adverte que o país não tem conseguido crescer mais nem “acelerar um caminho de desendividamento” porque “tem vindo a desaproveitar as vantagens da política monetária europeia”. Além disso, adverte o líder da oposição, o executivo também não soube “tirar partido suficiente das oportunidades associadas a um regime de petróleo mais barato.” O tempo está esgotar-se, avisa Passos.
O problema temporal coloca-se agora porque em nenhuma destas duas situações se espera que os anos que temos pela frente sustentem o mesmo nível de oportunidade, que é como quem diz, o tempo não volta para trás e cada vez temos menos tempo para tirar partido das referidas vantagens”, afirma o presidente do PSD.
Passos Coelho admitiu, no entanto, que “2016 também trouxe boas notícias e notoriedade que ajudam o nosso ego nacional”. No entanto, o futuro, defende, não passa por aí. O presidente do PSD alerta que para ter bons resultados, o Governo tem de inverter “as políticas de navegar à vista” e preparar “uma estratégia de médio e longo prazo que faça sentido. Deixando de lado a encenação mediática e o eleitoralismo.”
O líder da oposição considera que o país já desperdiçou demasiado tempo e que se o país não apostar numa “agenda reformista” e que se esta não for elaborada de “forma rápida e decidida”, o país corre “o risco de baixar de divisão no campeonato do progresso e do desenvolvimento.” Passos diz ainda que não aceita ser “cúmplice” deste governo e promete não se calar “perante as escolhas erradas que têm estado a ser feitas.”
Quanto à nova newsletter, ela vai sair diariamente. Na primeira edição, além do artigo de Passos Coelho, o PSD elenca os vários aumentos a que os portugueses vão estar sujeitos em 2017.