Paulo Macedo leva para a comissão executiva da Caixa três quadros com experiência de administração na banca, um diretor da própria casa, um adjunto do Ministério das Finanças, e mantém um gestor nomeado pelo seu antecessor e herda um não executivo que sobe a presidente do conselho de administração,

A única mulher da equipa é Maria João Carioca, que regressa à Caixa Geral de Depósitos após uma passagem pela administração de José de Matos, da qual saiu em 2016 para ir liderar a Euronext Lisboa, a sociedade gestora da bolsa de Lisboa. Licenciada em Economia pela Nova e com o MBA no Insead, Maria João Carioca esteve na consultora McKinsey antes de entrar para a Unicre, empresa que gere sistemas de pagamento, foi para a SIBS e chegou à administração executiva em 2011 donde saiu em 2013 para integrar a gestão do banco público. Saiu da Caixa nos meses de indefinição que marcaram o futuro do banco com a transição de governos.

Dois dos gestores escolhidos por Macedo passaram pelo Novo Banco. Aliás um deles anunciou a sua renúncia à administração do Novo Banco esta sexta-feira no mesmo dia em que foi conhecida a luz verde do Banco Central Europeu à sua ida para a Caixa.

Francisco Cary era o administrador financeiro (CFO) do Novo Banco e antes foi vice-presidente do BESI (Banco Espírito de Investimento), instituição do antigo grupo BES que foi comprada pelos chineses do Haitong. Para além do BESI onde esteve vários passou pela administração de outras instituições bancárias lidadas ao antigo BES, como foi o caso do Banco Boavista no Brasil. É licenciado em gestão pela Universidade Católica e tem uma pós-graduação na escola de negócios francesa INSEAD.

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José João Guilherme também passou pela administração do Novo Banco, da qual saiu em 2016 quando Eduardo Stock da Cunha abandonou o cargo de presidente para regressar aos Lloyds. Passou também pela administração do BCP onde esteve com Paulo Macedo até 2011, quando saiu. Nomeado para o conselho do BCP em 2008 com Carlos Santos Ferreira, José João Guilherme foi até um homem BCP, para o qual entrou logo em 1986 — um ano depois da fundação. Desempenhou vários cargos em várias áreas dentro do banco, passando pela rede comercial, seguros e banca de investimento. É licenciado em Economia pela Universidade Católica.

Na equipa de Paulo Macedo entra também Nuno Carvalho Martins, que era adjunto técnico do secretário de Estado do Tesouro, Ricardo Mourinho Félix, que tem a tutela da Caixa Geral de Depósitos. Esteve também envolvido na resolução do Banif, em representação do Governo português, sobretudo ao nível das conversas com as instituições europeias. Antes do cargo no gabinete governamental, fez carreira na banca de investimento em Londres onde foi responsável pelo mercado português e ibérico no Barclays e Citigroup. Antes estava no departamento dos estudos económicos do Banco de Portugal, de onde vêm Mário Centeno e Mourinho Félix, na área de análise dos mercados. A sua formação académica passa pelo Técnico — Engenharia Física — pela Nova e pela Universidade de Northwestern nos Estados Unidos — Economia.

Paulo Macedo mantém apenas um dos administradores escolhidos por António Domingues. João Tudela Martins tinha o pelouro da gestão risco na administração da Caixa, depois de ter assumido responsabilidades nessa área durante os muitos anos que esteve no BPI onde chegou a dirigir a área de gestão e controlo de risco. Apesar da longa experiência profissional nesta área, João Tudela Martins foi um dos gestores da equipa de Domingues a quem o BCE recomendou que fizesse mais formação na área de risco bancário e financeiro.

Tal como Tudela Martins, que voltou a ser avaliado pelo BCE no quadro de uma nova equipa, também Rui Vilar recebeu aprovação para desempenhar o novo cargo de presidente do conselho de administração não executivo da Caixa. Vilar é um senador da banca e da gestão. Foi presidente executivo da Caixa entre 1989 e 1995, mas também passou pela administração do BES em 1985, então ainda controlado pelo Estado e foi vice-governador do Banco de Portugal. No início da década de 70 funda a associação cívica SEDES onde esteve também João Salgueiro e depois do 25 de abril ocupou vários cargos governativos, incluindo os de ministro dos Transportes e da Economia num governo socialista.

Rui Vilar foi ainda presidente não executivo da Galp e da REN e ocupou vários cargos de administração em instituições ligadas à cultura, tendo sido presidente executivo da Fundação Gulbenkian, onde ainda se mantém como administrador não executivo. Licenciado em Direito na Universidade de Coimbra, começou a carreira profissional como funcionário público nos anos 60.

O nome do qual há menos informação é o de José Brito. Sobe à administração a partir do cargo de diretor coordenador com a responsabilidade pela área financeira e de mercados da Caixa Geral de Depósitos. É um alto quadro da Caixa há vários anos e, segundo informação do Expresso, trabalhou com Rui Vilar quando este foi presidente do banco na primeira metade dos anos 90,

Por último, mas não em último, temos Paulo Macedo. É o regresso de um ex-governante à presidência da Caixa Geral de Depósitos, mas com um perfil público e profissional que vai muito além do cargo que desempenhou como ministro da Saúde no Governo do PSD/CDS. Aceitou o convite de Passos Coelho em 2011, logo após ao resgate internacional e teve de lidar com as exigências de cortes e poupanças da troika na área da saúde. Mas o setor que abandonou, a banca, também estava a viver os seus dias mais negros.

Macedo foi vice-presidente do BCP entre 2008 e 2011, na liderança de Carlos Santos Ferreira, depois de ter regressando ao banco quando deixou o cargo de Diretor-Geral de Impostos, para o qual foi nomeado por Manuela Ferreira Leite em 2004. Foi aliás nesta função que a maioria dos portugueses ouviu falar dele, e sobretudo, do salário “milionário”, muito acima do praticado na Administração Pública, que recebeu.

Fez carreira no BCP, para o qual entrou em 1993, tendo desempenhado vários cargos mais ligados à área dos seguros e da saúde, do que ao negócio bancário. Antes trabalhou na auditora Artur Andersen. É licenciado em gestão pelo ISEG com uma pós graduação na AESE.