A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) pediu hoje ao Governo que cumpra o que o PS prometeu durante a campanha eleitoral e proteja as habitações sinalizadas para demolição nas ilhas-barreira da Ria Formosa, no Algarve.

“O Partido Socialista prometeu nas eleições a estas populações que protegeria as suas habitações e, por isso, nós estamos de acordo com o Governo nesta matéria”, disse aos jornalistas Catarina Martins, apelando ao Governo para que cumpra o que o PS “disse em campanha eleitoral”.

A líder do BE, que falava durante uma visita ao núcleo do Farol, na Ilha da Culatra, considerou que é preciso refletir sobre o problema das ilhas-barreira, mas não “utilizando a herança do anterior Governo”, pois assim não se chegará a “nenhuma boa solução”, classificando como “mau” o processo iniciado pelo PSD e CDS-PP.

Durante a visita, Catarina Martins falou com a população, que lhe relatou o facto de nunca ter sido auscultada durante o processo, queixando-se de que a Sociedade Polis apenas informou os proprietários por carta.

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“Nós aqui não estamos a falar de nenhuma divergência, estamos a lembrar ao Partido Socialista que deve fazer aquilo que prometeu fazer nas eleições a estas populações”, salientou, apelando a que o Governo reconheça que se trata de um “processo inquinado” e que, como tal, não se deve proceder a nenhuma demolição antes de haver diálogo com as populações.

Na quarta-feira, a Sociedade Polis Litoral Ria Formosa deverá tomar posse administrativa de 35 construções no núcleo do Farol, onde hoje estavam simbolicamente enterradas 35 cruzes negras no areal, havendo ainda uma faixa onde se podia ler “SOS Início da Extinção”.

Catarina Martins esteve também no núcleo dos Hangares, onde a tomada de posse de 22 construções está prevista para 2 de março.

A primeira fase de intervenções nas ilhas-barreira da Ria Formosa ao abrigo do programa Polis iniciou-se no final de 2014, ano em que foram demolidas as primeiras construções ilegais, em alguns ilhotes e na Praia de Faro.

No início de outubro, o ministro do Ambiente disse no parlamento que as demolições estavam em análise “caso a caso”, mas, no mesmo dia, chegavam aos proprietários das construções ameaçadas de demolição notificações de posse administrativa, que nunca se realizou.

Nessa altura, eram 81 as construções sinalizadas para demolição em ambos os núcleos, número que agora baixou para meia centena.