O Governo moçambicano instou esta quarta-feira Marrocos a respeitar os princípios da soberania e da integridade territorial no diferendo que opõe o reino à Frente Polisário, que defende a independência do Saara Ocidental.

Maputo enunciou a sua posição em relação ao contencioso que divide Rabat e a Frente Polisário, após conversações entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o Presidente da República Saarauí Democrática (RASD), Brahim Gali, no âmbito da visita de dois dias que o último realiza a Moçambique.

“A questão é ver se [Marrocos] vai aderir, sem pré-condições, aos princípios fundamentais [da União Africana] do respeito pela soberania e integridade territorial”, afirmou Oldemiro Baloi, em declarações à imprensa, no final das conversações entre as delegações de Moçambique e da RASD.

Assinalando que a situação política no Saara Ocidental dominou as conversações bilaterais, Oldemiro Baloi disse que a visita de Brahim Gali serviu igualmente para o reforço da cooperação, apontando a assinatura de um memorando para consultas políticas como um aspeto importante.

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Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros da RASD, Mohamed Sale, agradeceu a Moçambique pelo apoio que o país vem oferecendo à causa da independência do Sahara Ocidental.

“Agradecemos ao Governo moçambicano e à Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder], pela sua posição firme de apoio à causa da independência”, afirmou Sale.

O Presidente da RASD visita Moçambique a convite do chefe de Estado moçambicano e a deslocação surge após a União Africana ter readmitido Marrocos na organização, em janeiro.

Marrocos abandonou a UA, na altura OUA (Organização da Unidade Africana), em protesto contra a admissão na da RASD na entidade.

Marrocos anexou o Saara Ocidental após a saída de Espanha do território, contrariando a posição da ONU e da maioria dos estados africanos de que o território pertence ao povo saarauí e que deve ser independente.