O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, disse esta terça-feira que a instituição pública vai manter o lugar de principal banco em Portugal, mesmo após o processo de reestruturação que está a levar a cabo.
“A Caixa Geral de Depósitos [CGD] é o banco líder em Portugal e vai manter-se assim. A CGD está num processo de solidez, de recapitalização mas também está num processo de reestruturação, para apoiar melhor as empresas, para apoiar melhor os particulares”, disse Paulo Macedo na abertura da 5.ª Conferência franco-Portuguesa, em Lisboa.
Segundo o responsável, o banco quer manter a “oferta de produtos e serviços financeiros com valor acrescentado” e ajudar as empresas com quem trabalha “a procurar novos mercados e investir no aumento da produção”. Numa conferência sobre relações comerciais entre França e Portugal e do investimento francês no país, o presidente da CGD afirmou que o banco público tem “identificadas e em acompanhamento mais de 1.800 empresas francesas” que estão presentes nas geografias onde o Grupo CGD tem presença.
Macedo destacou ainda as “boas relações entre Portugal e França” e os investimentos franceses em Portugal em vários setores – como tecnologias de comunicação e informação, automóvel, aeronáutica ou agrícola – para garantir que o banco público estará sempre disponível “para apoiar essas empresas”.
A CGD está num processo de recapitalização com o objetivo de aumentar o capital em cerca de 5.000 milhões de euros, o que servirá para assumir maiores níveis de imparidades (perdas potenciais, nomeadamente com créditos), cumprir rácios de capital (indicadores de solvabilidade da instituição) mais exigentes e ainda fazer face aos custos da reestruturação que está a fazer (com fechos de agências e saídas de pessoal, nomeadamente através de reformas).
Do valor total do aumento de capital, já foi executada a primeira fase, que equivale a cerca de 1.300 milhões que vieram de operações contabilísticas (a integração da ParCaixa e a conversão para capital das obrigações contingentes subscritas pelo Estado em 2012, os chamados ‘CoCo’). Quanto ao restante valor, 2.700 milhões de euros virão de uma injeção de dinheiro direta do Estado e cerca de 1.000 milhões de euros de emissão de dívida subordinada que conta para efeitos de capital.
De acordo com o calendário inicial, a primeira fase da emissão de dívida (o objetivo é colocar 500 milhões de euros) deverá acontecer nas próximas semanas, mas para issso a CGD tem ainda de apresentar as contas de 2016 (sendo esperados prejuízos consideráveis num ano de reforço de imparidades). Após o fecho das contas, o banco irá realizar um ‘road show’ [apresentação] junto de investidores institucionais para anunciar as condições da emissão de dívida. O secretário de Estado das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, falou nos últimos meses sobre este assunto e disse esperar que os juros da emissão fiquem abaixo de 10%, assegurando que existem “vários investidores interessados”. Já a segunda parte da emissão de dívida, com os restantes 500 milhões de euros, deverá acontecer 18 meses depois.