Os medos das crianças associados à noite servem de base para o espetáculo “Nocturno”, de Joana Gama e Victor Hugo Pontes, que se estreia na quarta-feira no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Em palco, a pianista e o coreógrafo surgem acompanhados pelo ator e bailarino Paulo Mota, numa encenação de música e dança que dá corpo a alguns dos medos da infância, tendo como referência o escuro e a noite, com sugestão de ambientes que remetem para a cidade e para o campo.

O processo criativo dos autores para este espetáculo incluiu visitas a escolas para falar com crianças sobre medos. “Foi giro descobrir o que é que os miúdos pensam da noite e descobrimos que são bastante mais fantásticos do que nós pensávamos. Há muita violência, muito sangue, muitas facas e nós com receio de usar alguns elementos na peça e eles eram muito pior do que podíamos imaginar”, afirmou Joana Gama aos jornalistas, no final de uma ensaio de “Nocturno”.

Aranhas, trovoadas, sombras, roupa ou brinquedos que ganham vida, sons e silêncios que se ampliam, são convocados para este espetáculo, debaixo de um gigante lençol estrelado e com música original de João Godinho interpretada em palco por Joana Gama.

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“Fomos às escolas falar com os especialistas dos medos, pedimos para nos revelarem quais eram os seus medos e receios sobre o que acontecia durante a noite. Algumas das imagens que aparecem no espetáculo aparecem porque são referências que nos foram dando”, contou Victor Hugo Pontes.

Direcionado para crianças a partir dos seis anos, o espetáculo muitas vezes sugere mais do que aquilo que mostra, estimulando a curiosidade do espetador. “A imaginação é que provoca tudo isto. As coisas não existem, somos nós que imaginamos que elas lá estão”, disse Victor Hugo Pontes. Para Paulo Mota, que interpreta a criança que lida com esses receios, o mais importante é “partilhar o medo com eles e conseguir dizer em 45 minutos que está tudo bem em ter medo e desconstruir os medos”.

“Nocturno” estará em cena no São Luiz até domingo, estando já previstas apresentações de 20 a 25 de abril no Teatro Municipal do Porto, nos dias 28 e 29 de abril no Teatro Municipal de Torres Novas e nos dias 7 e 8 de maio no Centro de Artes de Ovar. Em outubro, o espetáculo volta a Lisboa, no âmbito do Festival Big Bang (Centro Cultural de Belém), e terá também apresentações no Cine-Teatro de Estarreja (dias 29 e 30).