Cientistas portugueses e neozelandeses encontraram e analisaram o maior polvo da Antártida, descoberta que vai contribuir para compreender uma das áreas marinhas do planeta da qual ainda se “conhece muito pouco”.
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e do National Institute of Water and Atmospheric Research (NIWA), na Nova Zelândia, “analisou o maior polvo alguma vez encontrado na Antártida”, anunciou a Universidade de Coimbra (UC), numa nota enviada esta quarta-feira à agência Lusa.
O polvo gigante ‘megaleledone setebos’ foi capturado a bordo do navio Antarctic Discovery, no Mar de Dumont D’Urville, na Antártida, em janeiro de 2017, onde José Queirós estava a realizar recolha de amostras para a sua tese de mestrado em ecologia, refere a UC.
Com 115 centímetros de comprimento e 18,5 quilogramas de peso, “este polvo é considerado o maior indivíduo alguma vez capturado na Antártida”, onde, “até agora, só tinham sido encontrados cefalópodes desta espécie” com o comprimento máximo de 90 centímetros.
O exemplar, que foi “imediatamente congelado”, só “recentemente foi analisado, na Nova Zelândia, por José Xavier (supervisor de José Queirós e coordenador de projetos de ciência Antártica na UC) e colegas do NIWA”.
Para o cientista polar José Queirós esta descoberta foi uma surpresa porque a sua investigação “incide em estudar o papel do bacalhau da Antártida na cadeia alimentar antártica e perceber o que eles comem”.
“Aparecer num anzol um polvo destas dimensões foi algo que ninguém esperava”, sublinha ainda o estudante e investigador da UC.
Por seu lado, José Xavier, coordenador do projeto, destaca que “esta descoberta, dentro de um projeto internacional que envolveu cientistas de Portugal, Nova Zelândia, Japão e Austrália, é mais uma peça do puzzle para ajudar a perceber o que existe na Antártida”.
A Antártida é “uma das áreas marinhas do planeta que se conhece muito pouco”, salienta José Xavier, adiantando que foram recolhidas “amostras do polvo para compreender melhor a sua biologia, o seu habitat, fisiologia e o que come”.
O polvo gigante foi doado ao Museu Te Papa, em Wellington, na Nova Zelândia.