Vem aí um divórcio litigioso. A direita europeia não poupou os britânicos no arranque do Congresso do Partido Popular Europeu, em Malta, que coincidiu com a amanhã em que Theresa May ativou o artigo 50º do Tratado de Lisboa. Na abertura da convenção, o presidente do PPE, o francês Joseph Daul — figura histórica d’Os Republicanos de Sarkozy, Chirac e Fillon –, avisou que “o Reino Unido vai pagar a conta toda do Brexit sozinho“. Ao início da tarde, o líder parlamentar do PPE, Manfred Weber, também endureceu o discurso dizendo que “acabaram-se os privilégios para os britânicos“e garante que a UE vai ser “dura” nas negociações. Este alemão da CSU, próximo de Angela Merkel, atira: “Britânicos estão a cometer um erro histórico.

Joseph Daul comparou o Brexit com um processo de divórcio litigioso. “Estamos empenhados, durante o processo, em proteger os direitos dos cidadãos europeus [que ficam na UE]. O processo de saída tem de ser pago pelos britânicos. É como num divórcios: quem decide sair é que paga as despesas do processo”, advertiu o histórico da centro-direita francesa durante a conferência de imprensa de abertura do congresso.

O líder parlamentar ainda foi mais duro que Daul nas palavras. Manfred Weber começou por dizer que este “é um dia muito triste” para a Europa e para os britânicos. O dirigente alemão diz que o PPE “respeita o erro histórico do Reino Unido”, mas diz que “agora é preciso entender o que significa Brexit”. Como significa “sair da União Europeia” e como nas últimas décadas a UE “aprovou uma série de leis e regulamentos para tornar a vida dos cidadãos mais confortável, mais fácil e mais segura, ao decidir abandonar esse espaço, o povo está agora menos confortável e menos seguro.

Weber avisa os britânicos “quererem, a partir de agora, ter só pontos positivos e não quererem os negativos, não é aceitável”. O alemão lembrou que o Reino Unido já tem tido um “tratamento especial, até na forma como contribuía para o Orçamento da União Europeia, mas agora acabou.” E não há pressa para aprofundar as relações entre UE e o Reino Unido, já que “o processo é claro: falamos primeiro de divórcio e só depois de qual é a nossa relação futura.”

O líder da bancada do PPE diz ainda esperar que Theresa May “não utilize os 4,4 milhões de cidadãos do Reino Unido que vivem no espaço europeu como arma política”. Weber está ainda preocupado com a situação na Irlanda já que o PPE não quer “uma fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte” e promete ajudar Dublin: “É preciso que a Irlanda saiba que não está sozinha.” Weber voltou a dizer que aquilo que os apoiantes do Brexit disseram durante a campanha sobre a “conta” que iam pagar com a saída da União Europeia foram declarações “mentirosas” e que esta saída irá “sair caro ao povo britânico.”

O Governo britânico entregou formalmente esta manhã a notificação a pedir a saída da União Europeia, acionando o artigo 50. A carta foi entregue pelo representante de Londres na União Europeia a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu. Ao receber a missiva, Tusk afirmou que “não há nada a ganhar. O nosso objetivo é claro — minimizar os custos para os cidadãos, homens de negócios e estados membros europeus. (…) O que posso acrescentar? Já sentimos a vossa falta.

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