O Presidente da República anunciou esta quinta-feira que vai galardoar o arquiteto Siza Vieira, no 25 de Abril, com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, “uma das poucas condecorações que não recebeu” e que assinala a vertente de pedagogo.
Durante o discurso inauguração da exposição “A Pressão da Luz – Uma Viagem de Nuno Cera pela Arquitetura de Álvaro Siza Vieira” e do lançamento do livro “Guia de Arquitetura Álvaro Siza Projetos Construídos Portugal”, na Galeria Millennium, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa revelou algo sobre o qual hesitou “até ao último minuto”.
“Sendo uma das poucas condecorações que não recebeu será galardoado com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública e será no dia 25 de abril porque a democracia merece-o, Álvaro Siza merece-o e Portugal também”, anunciou.
De acordo com o chefe de Estado, “Álvaro Siza tem sido celebrado e objeto da gratidão e reconhecimento nacional em vários momentos por diversos Presidentes da República” e “é pois difícil encontrar galardão adicional a juntar aqueles que recebeu”.
“Mas há uma vertente fundamental da sua personalidade que ainda não foi devidamente assinalada e sobretudo galardoada, que é a do pedagogo. É um pedagogo. Ajudou a criar uma escola, criou discípulos, mas criou uma nova mentalidade no país, abriu caminhos através da sua formação”, justificou.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o arquiteto “é um professor e é um mestre, além de ser um genial criador do domínio da cultura”.
“E essa dimensão não foi galardoada, e o Presidente da República decidiu galardoá-la. Tinha apenas uma dúvida existencial: se deveria entregar as insígnias hoje – o que seria mais heterodoxo – ou se deveria guardar para uma ocasião mais icónica”, confidenciou.
O chefe de Estado “optou por guardar para uma ocasião mais icónica”, mas considera que “isso não impede de anunciar hoje”. Marcelo Rebele de Sousa falou ainda de “uma sensação de dívida não paga aos arquitetos” que estes sentem.
“Temos que pensar como solver essa dívida – sem intervenção bancária – porque no fundo há essa admiração, constante, crescente, mas não é percecionada pelos arquitetos”, considerou.
Antes deste anúncio, o Prémio Pritzker em 1992 disse estar emocionado porque é a segunda apresentação de um livro com as suas obras que é feita, agradecendo em seu nome e da arquitetura uma vez que esta obra é um “contributo precioso para que haja mais atenção e mais apreensão” por esta arte.
Também presente esteve o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, que destacou que a “arquitetura constitui um dos grandes fatores de atratividade de Portugal”, considerando que “todos estamos muito gratos a Siza Vieira”.