Um dia depois do ataque terrorista nos Campos Elísios, em Paris, os turistas defendem que continua a ser “a mais bela avenida do mundo” e até há quem considere “normal” os ataques na capital francesa.
Lin Huan-Yu veio pela primeira vez a Paris e está determinado em aproveitar para visitar, nomeadamente os “Champs-Elysées”, apesar de alguma apreensão.
“Estou um pouco preocupado, espero que tudo corra de forma pacífica. Esta avenida continua a ser a mais bela avenida do mundo”, disse à Lusa o taiwanês de 30 anos enquanto tirava fotografias.
Norman Sung empunha uma bandeirola laranja no meio da concentração de turistas chineses em frente ao Arco do Triunfo e admitiu à Lusa que “desde o ano passado houve uma quebra de turistas chineses em Paris”.
“Eles evitam a Europa por causa dos atentados, sobretudo depois de Paris e Nice. Para mim, que já vim umas 100 vezes a Paris, os ataques tornaram-se numa coisa normal depois de tantos que aconteceram”, afirmou o guia turístico de 44 anos.
A passear com a família, a alemã Elza Huber declarou não ter medo de estar na Avenida dos Campos Elísios depois do ataque desta quinta-feira à noite porque “nunca atacam duas vezes no mesmo sítio”.
“Estou assustada porque não é só em Paris, também há ataques na Alemanha. Aqui talvez influencie o voto nas eleições a favor da extrema-direita”, considerou a fisioterapeuta de 55 anos.
De mapa na mão, Samson e a namorada, que insistem em não dizer o apelido “ainda que não seja por medo”, lamentam o ataque mas afirmam não ter medo até porque viveram o mesmo há pouco tempo.
“Nós vivemos em Estocolmo e foi a mesma coisa há umas semanas, Claro que estamos um pouco assustados mas tentamos viajar sem pensar nisso. Estamos cá até domingo e, sim, achamos que é uma das avenidas mais bonitas do mundo”, afirmou o turista de 36 anos.
Sentados num banco e indiferentes à multidão que sobe e desce a avenida, Lise Castellier e Pacome Serra aproveitam uma escapada romântica a Paris para fazerem um visto já que são das cidades de Angers e Cognac.
“Não temos medo, saímos na mesma, é uma escolha de vida, uma atitude”, afirmou a jovem estudante de 19 anos que vai votar Jean-Luc Mélenchon este domingo na primeira volta das presidenciais porque “Mélenchon é pela paz e se há atentados é por causa da política francesa no estrangeiro”.
Já o namorado, de 20 anos, vai votar Benoît Hamon, do PS, e pensa que o ataque pode ter alguma influência no eleitorado indeciso a favor da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, porque “ela tem um discurso que incita ao ódio e pode levar a que haja mais votos por ela”.
Élodie, Kira e Émilie não acreditam que o ataque de quinta-feira possa ter um peso nas urnas e, ainda que não digam em quem vão votar, afirmam que a eles não os influencia “de certeza”.
“O atentado é uma coisa quase banal porque há muitos. Ontem ainda pensámos duas vezes no que íamos fazer, mas não nos podemos deixar afetar, é uma forma de resistir”, explicou Émilie Corn, de 25 anos, que veio passar dois dias a Paris com os amigos de Avignon.
Na avenida, o trânsito continuava intenso como habitual, a rotunda da Place de L’Étoile estava à pinha com automóveis, os turistas subiam e desciam os passeios de mochila às costas e só a a presença de muitos jornalistas assinalava o ataque desta quinta-feira à noite nos “Champs-Elysées”.
Um polícia foi morto e dois ficaram gravemente feridos na quinta-feira à noite, quando um homem disparou contra o veículo em que seguiam na avenida dos Campos Elísios, no centro de Paris.
O atacante foi morto por outros agentes da polícia francesa e um transeunte foi também atingido.
“O agressor chegou de carro, saiu. Abriu fogo contra o carro da polícia com uma arma automática, matou um dos polícias”, disse fonte policial citada pela AFP.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou já o ataque, através de um comunicado divulgado pelo órgão de propaganda do EI, a Amaq.
O ataque ocorreu a três dias da primeira volta das eleições presidenciais em França, em que a segurança é um dos temas em destaque, após vários ataques terroristas no país nos últimos anos.