O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que a atribuição do nome de Maria Barroso à nova escola básica da baixa de Lisboa traduz o objetivo de promover uma escola pública de qualidade, equiparando-a aos melhores colégios privados.

António Costa falava na cerimónia de inauguração da Escola Básica Maria Barroso, que foi edificada no espaço do antigo Tribunal da Boa Hora, numa sessão aberta pela pequena Lilah, filha do deputado socialista João Soares e neta do antigo Presidente da República Mário Soares e de Maria de Jesus Barroso.

Como referiu o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, no primeiro discurso da sessão, a inauguração da escola, que também tem jardim-de-infância, coincidiu com o dia de aniversário da antiga presidente da Cruz Vermelha, que faria hoje 92 anos.

Na sua intervenção, com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, na primeira fila da plateia, António Costa referiu que em primeiro lugar a nova escola “resgata da memória o passado do antigo Tribunal da Boa Hora” – aqui numa alusão ao tribunal plenário do regime do Estado Novo.

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“Uma escola é onde se constrói o futuro e onde se ajuda a formar novos cidadãos e cidadãs. Portanto, dar o nome de Maria Barroso a um jardim-de-infância e a uma escola do primeiro ciclo do Ensino Básico é um sinal de que Maria Barroso renasce daquilo que aqui cada criança aprender no futuro”, defendeu o líder do executivo.

Numa mensagem mais política, António Costa advogou depois que, para se desenvolver no país uma sociedade livre, “tem de haver uma escola de qualidade para todos”.

“E nada melhor do que dar a uma escola pública o nome daquela que foi diretora de um dos melhores colégios privados do país [o Colégio Moderno]. Significa que queremos para qualquer escola pública que tenha no mínimo a mesma qualidade dos melhores colégios privados que existem em Portugal. Só assim haverá efetiva igualdade de oportunidades”, sustentou, num discurso em que também classificou o seu ex-ministro da Cultura João Soares como “um dos grandes presidentes da Câmara de Lisboa dos últimos anos”.

Ouviam estas palavras do primeiro-ministro o antigo bispo das Forças Armadas D. Januário Torgal Ferreira, bem como os padres Feytor Pinto e Vítor Melícias – todos na primeira fila da assistência.

João e Isabel Soares, os filhos de Maria de Jesus Barroso e de Mário Soares, fizeram discursos com uma forte carga emotiva sobre a vida da sua mãe.

“Eu sei que sou suspeito porque sou filho dela, mas a minha mãe pôs beleza em praticamente tudo o que fez até ao fim da sua vida”, declarou João Soares, já depois de ter considerado como “absolutamente notável” a iniciativa da Câmara de Lisboa de atribuir o nome de Maria Barroso a uma escola do Ensino Básico.

Tal como Isabel Soares, também o deputado socialista salientou que Maria Barroso “foi a única mulher que esteve presente na fundação do PS em abril 1973 [em Bad Munstereifel, na então República Federal Alemã] e foi igualmente, até agora, a única mulher que exerceu as funções de presidente da Cruz Vermelha”.

“A minha mãe não deixou ninguém indiferente: Tocou as pessoas de todos os quadrantes políticos, de todas as classes sociais. Aos filhos e aos netos ensinou-nos sobretudo a tolerância”, disse visivelmente comovida Isabel Soares, atual diretora do Colégio Moderno.