Faz uma década que a Universidade do Arizona faz gestão do Biosfera 2, um laboratório de hábitos simulados aberto ao público, cujo lema é “E se pudesses ver o amanhã?”. Nele há um novo pressuposto: o teste da fertilidade em solos “mortos”.

Situado a 40 quilómetros da cidade de Tucson, no Arizona, o Landscape Evolution Observatory (LEO), o novo “Santo Graal” do Biosfera 2, aparece como uma “borbulha de ferro e cristal” em pleno deserto vermelho. Dentro, no solo, alberga três rampas, onde se reproduzem alguns dos ecossistemas terrestres: selva, savana, deserto e mangal. A infraestrutura possui também um oceano tropical, com mares e barreira de coral.

Quinhentas toneladas de solo vulcânico, similar ao da superfície de Marte, vão ser agora depositadas na estrutura, juntamente com 1800 sensores diferentes que medem a incidência do sol, a sua intensidade, o calor, os gases e o vento sobre a superfície, bem como as alterações à medida que se adiciona água.

O objetivo final é converter um solo estéril e morto em terra fértil. “Ao conseguir isso, tem-se uma terra onde plantar”, afirma John Adams, subdiretor do centro. Assim, com uma meta mais ambiciosa, é colocada em cima da mesa a possibilidade de ser possível plantar-se batatas em Marte, tendo em conta que as condições são semelhantes.

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“É fascinante falar de outros planetas, mas é pouco provável que nós ou os nossos netos viajemos até eles”, aponta John Adams. “O importante agora é entender a Terra, como funciona e como nos podemos adaptar a ela para sobreviver. É decidir como podemos utilizar os resultados em zonas áridas ou vulcânicas, porque afinal estamos a falar de alimentar gente”, afirma.

A equipa do Biosfera 2, constituída por cientistas e colaboradores, conta com a presença, entre outros, de biólogos, geólogos, ecologistas e hidrólogos. O projeto, com as suas cúpulas e ecossistemas em pequena escala, tenta também responder à pergunta “Onde está a chuva?”.

Saber o que sucede exatamente com a água, o “fio condutor da biologia”, entender as suas “presenças e ausências” em cada lugar, e como isso afetará a mudança climática, por exemplo, são alguns dos objetivos, conta John Adams. “Queremos saber se podemos alterar a realidade nesses lugares em que é mais complicado ter um solo produtivo”, conclui.